24 agosto 2009

Descartaveis

"Tenho um porta-lápis lotado de canetas promocionais que ganho em eventos. Quando acabam, vão para o lixo. É assim desde que eu era criança, com as inúmeras canetas esferográficas. Ao final de cada ano, um estojo de canetinhas hidrográficas ia para o lixo.Canetas de plástico são embalagens para a tinta, que é o que usamos para escrever. Assim como as centenas de copos plásticos de iogurte ou requeijão que devo ter jogado fora ao longo da minha vida. Mas e o que dizer de certos aparelhos de barbear que não permitem que você troque as lâminas? Uma vez perdido o corte, o destino é o lixo. Ou ainda, dos copos plásticos? Porque neste caso não se trata da embalagem. Trata-se do produto em si.Quando o hábito era comprar tecido para se fazer a roupa, o corte era sempre mais clássico, pois ela tinha que durar mais. Atualmente, a modinha acessível das lojas da José Paulino ou do Brás, aqui em São Paulo, permite o descarte das peças tão logo a estação tenha acabado. Sei de quem compra meias e as joga fora quando ficam sujas, pois seu custo é tão baixo que permite descartar (perdão pelo trocadilho infame) a etapa de lavagem do produto.Esse fenômeno não é muito diferente do que acontece com celulares: cada vez que sou obrigada a trocar meu celular porque já não vendem mais bateria para o modelo que eu tenho, me deparo com um modelo que dura menos que o anterior. Agora há pouco estava conversando com uma pessoa que tem um computador de 2003 – exatos seis anos de vida útil – e que já se tornou obsoleto para rodar programas mais pesados: descobri que é mais caro trocar uma única peça, o processador, do que comprar um aparelho novo (e fazer o quê com o velho? Jogar fora!).Traduzindo: consumismo não é só uma atitude individual ou um estilo de vida. Tampouco é algo restrito às classes sociais mais altas. Consumismo é resultado da falta de opções não descartáveis. Alimentos, que há algumas décadas eram vendidos a granel, muitas vezes em embalagens retornáveis, hoje só estão disponíveis em algum tipo de invólucro plástico descartável. Em muitos casos, a opção não descartável implica em uma significativa diferença de preço. Ou você conhece alguma caneta tinteiro que custe barato? Em outros casos, sua vida útil é restrita: qualquer consumidora de Natura sabe que de tempos em tempos o tamanho do refil dos cremes muda para que eles não se encaixem nas embalagens antigas, levando a uma nova compra.Sim, é óbvio que a prevalência dos produtos descartáveis visa aumentar vendas. Para tanto, vale-se da comodidade que esses itens oferecem. E viceja graças à simbiose em que mercado e psicologia coletiva se unem para cultuar a juventude e sua áurea, não necessariamente verdadeira, de liberdade, diversão e falta de responsabilidade. Afinal, o novo é sempre e necessariamente melhor que o velho, certo? Basta pegar as duas palavras – novo e velho – fora de contexto. Fale-as em voz alta. Que valores e imagens uma evoca? E a outra?Como envelhecimento é um processo inevitável que atinge a todos nós, vale a pena rever os conceitos. Afinal, ninguém gosta de se sentir “velho” na maneira como o termo é sentido hoje. Mas também não dá para fingir que se é jovem: basta olhar para a Donatella Versace e ver o desastre que resulta dessa postura. Precisamos ressignificar “novo” e “velho”. E isso passa obrigatoriamente por mim e por você. Não como um processo de culpa (oh, meu Deus, meu banho está colocando em risco a vida do planeta!!!), mas de realização pelo simples prazer de conservar algo que nos é caro (para quem não sabe, essa palavra vem de cordis, que significa coração em latim). Prazer de preservar uma roupa bonita. Ou um celular no qual tivemos tantas conversas importantes. Ou ainda uma caneta com a qual deixamos nossa assinatura ao longo da vida. Preservar relações com pessoas queridas. E, principalmente, preservar a auto-estima mesmo diante da flacidez, da barriga e dos fios brancos.Eu quero consumir. Eu gosto de consumir. Mas eu gosto de mim e, por isso, quero coisas boas. E as coisas boas, a gente não joga fora. "

Fonte: http://ascendidamente.blogspot.com/2009/08/descartaveis.html

26 maio 2009

Emergencia da economia de baixo carbono??

Compartilho reflexões instigadas pela leitura de artigo de Ricardo Young, postado hj diretamente da cúpula empresarial de mudanças climáticas que acontece em Copenhage, Dinamarca (integra:
http://institutoethos.blogspot.com/2009/05/direto-de-copenhague-ricardo-young.html)

É interessante observar que na última década a comunidade empresarial puxou o coro dos socialmente responsáveis e desfilou as suas propostas de projetos verdes, e muita pedra foi jogada nos governos, antes atrasados e posicionados à margem da discussão. Agora, mesmo com esta reunião de 700 CEOS (!!) para discutir o papel das empresas na redução das emissões de carbono, parece que começar a haver uma inversão nesta dinâmica, a medida em que o tema entra com peso na agenda política de nações como os EUA, sob a liderança de Obama, sob o coro de pesos como Ban-ki-moon e Al Gore. As empresas estão diante de um questionamento público cada vez maior quanto à relevância das ações que vêm empreendendo até o aqui, e se vêem forçadas a fazer o que tem que ser de fato feito - a lição de casa, cuidar dos seus impactos e da qualidade das relações que estabelece com a sociedade.
As últimas medidas anunciadas pelo presidente americano (em relação a política energética) deflagram um movimento audacioso como deve ser, pois a crise de valores do mundo atual já engloba todos os aspectos possíveis, do economico ao social e a inegável degradação ambiental. Em Copenhage, pretende-se firmar uma espécie de "marco-zero da nova economia", baseada num modelo de "baixas emissões de carbono", colocando na agenda das empresas prioridades como a eco-eficiência, o uso de energias renováveis e a redução das emissões de gazes causadores do efeito estufa. É bom que seja assim, pois do jeito que caminha o mundo, o aquecimento global e as decorrentes mudanças climáticas já são sentidas e vão afetar ainda mais a todos, desde os mais pobres (que injustamente são os que mais sofrem os seus afeitos), até fritar o caixa das próprias empresas e a cabeça de seus líderes, pois já adentramos numa nova dinâmica universal aonde "se não tiver para cada cada um, também não vai ter para nenhum", como diz aquela música....
Fica no ar uma bruma de esperança, de que o mundo corporativo passará a se empenhar de fato para cumprir com o seu papel de agente econômico promotor do desenvolvimento, atuando de acordo com políticas e modos de extração de matérias-primas, de produção e de pós-consumo que possam ser sustentadas ao longo das gerações, de criação de valor real, isto é, geração de renda para colaboradores e pessoas que habitam as comunidades impactadas por suas operações, em detrimento de formas exploratórias e destrutivas que visam unicamente à sustentação de lucros crescentes para os acionistas, e que, mais cedo ou mais tarde, cairão por terra, como a crise de derivativos já nos mostrou. Mas enquanto a motivação for meramente econômica, sempre haverá uma busca por "brexas"...
Na semana passada estive no Forum de Comunicação e Sustentabilidade, e o sábio e cativante Mohan Munasinghe (Vice Presidente do IPCC e Prémio Nobel da Paz de 2007) apresentou um amplo painel onde não fica dúvida - já temos o know how, as pessoas e os recursos necessários para produzir e consumir de forma diferente, e para enfrentar as mudanças climáticas. Mas para isso é preciso muita disposição para combater a hipocrisia e pensar no coletivo, criando formas de adaptação para os países pobres e estratégias de mitigação pelos países ricos. Encarar que o mundo já é regido pela interconectividade, e que sem ética e responsabilidade (habilidade de resposta) não tem salvação. Então, mesmo assim a nuvem negra no horizonte paira, quando se observa a qualidade da discussão entre empresários. Se Ricardo Young a define como "sofrível", ainda temos muito a temer e vemos que sem um salto de consciencia na mente das lideranças que detém o poder econômico, os avanços serão pequenos. Mas esse salto é pra lá de profundo, e como dar esse salto então, nem se fala......é discussão para uma nova postagem, pois falar sobre desenvolvimento humano integral, como dizia a minha avó, "dá pano pra manga".....

14 maio 2009

Como alcançar uma visão mundiocêntrica?

Um dos assuntos que mais me instiga e inspira há tempos é a importância do desenvolvimento integral das pessoas - aquele capaz de atender ao seu aprimoramento no plano fisico, mental e espiritual para o alcance da sistentabilidade global.
Vejo que essa é a questão central e indispensável para que um dia a humanidade possa entrar num sistema de colaboração que permirá realizar as mudanças necessárias rumo a um modelo sustentável de desenvolvimento. Todas as formas de diagnóstico já foram feitas e já se sabe que o mundo dispõe de conhecimento (teórico, técnico, científico) e de recursos (humanos, financeiros, etc) para mudar o que tem que ser mudado. Ou, pelo menos, para alavancar um processo consistente neste sentido. O grande impedimento é de ordem espiritual (entendida como aqui uma forma muito ampliada da "moral"), que pauta seus reflexos no mental, e daí decorre nas formas de interações sociais e com o ambiente. Pois, como as pessoas hoje não se identificam o próprio espírito - a grande maioria atua no mundo com um apanhado de carne e cérebro que luta por possuir somente a matéria, e sob uma perspectiva totalmente egocentrica (o "eu" no centro de tudo, o "meu" interesse primeiro). Nesta perspectiva fica de fato impossível olhar o mundo sob a perspectiva mundiocentrica sob a qual o Ser passa a se identificar com o todo e então, a favor do todo pauta as suas ações. E esta transmigração no olhar não é algo que se possa controlar pela razão. Trata-se de lente sob a qual cada um vê o mundo. Somente o desenvolvimento espiritual, a amergencia de uma nova consciencia no sentido mais amplo da palavra, é capaz de dar conta de transformar as pessoas de dentro para fora, e numa escala global, transformar toda a sociedade.

O texto abaixo, oriundo da Comunida Bahá'í, discorre que forma profunda e ao mesmo sintética sobre o tema, e com muita satisfação compartilho com vcs:


"O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O ESPÍRITO HUMANO

Adaptação da declaração apresentada à Cúpula da Terra
(Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento)
Rio de Janeiro, Brasil.
Acima de questões técnicas e políticas tais como os limites a serem estabelecidos para a emissão de gases do efeito estufa, como promover o desenvolvimento sustentável, e quem pagará a conta, a pergunta fundamental com que se defronta a comunidade mundial é esta: Pode a humanidade, com seus padrões arraigados de conflito, egoísmo e conduta tacanha, comprometer-se com uma cooperação esclarecida e com um planejamento de longo prazo em escala global?
O processo da Cúpula da Terra realçou tanto a complexidade como a interdependência dos problemas que a humanidade enfrenta. Nenhum desses problemas - as iniquidades debilitadoras do desenvolvimento, as ameaças apocalípticas do aquecimento atmosférico e da destruição da camada de ozônio, a opressão da mulher, o abandono de crianças e poulações marginalizadas, para citar apenas alguns - pode ser abordado com realismo sem que se considerem todos os demais. É impossível solucionar qualquer um deles sem uma magnitude de cooperação e coordenação em todos os níveis que ultrapassa em muito qualquer esforço anterior da experiência coletiva da humanidade.
O potencial para tal cooperação, entretanto, é solapado pela distorção geral do caráter humano. Embora não sejam comumente discutidas no contexto dos desafios do meio ambiente e do desenvolvimento, vigoram no mundo atual certas tendências - que incluem a carência generalizada de disciplina moral, a glorificação da ambição e da acumulação material, a destruição crescente da família e das comunidades, o alastramento da anarquia e da desordem, a ascensão do racismo e do fanatismo, e a atribuição de prioridades a interesse nacionais em detrimento do bem-estar da humanidade - as quais todas, sem excessão , destroem a confiança mútua, alicerce da cooperação.
A reversão dessas tendências destrutivas é essencial para o estabelecimento da unidade e da cooperação. Isso exigirá uma compreensão mais profunda da natureza humana; pois embora a economia, a política, a sociologia e a ciência ofereçam ferramentas importantes para a abordagem das crises interdependentes que afligem a humanidade, uma verdadeira superação do estado de perigo em que se encontram os assuntos humanos só poderá ser levada a efeito quando a dimensão espiritual da natureza humana for levada em conta e o coração humano, transformado.
Embora certos aspectos místicos não sejam fáceis de explicar, a dimensão espiritual da natureza humana pode ser compreendida, em termos práticos, como a fonte das qualidades que transcendem a estreiteza do interesse próprio. Tais qualidades compreendem o amor, a compaixão, a tolerância, a fidedignidade, a coragem, a humildade, a cooperação e a vontade de sacrificar-se pelo bem comum - qualidades de uma cidadania esclarecida, capaz de construir uma civilização mundial unificada.
As transformações profundas e de vasto alcance, a unidade e a cooperação sem precedentes, necessárias à reorientação do mundo rumo a um futuro de justiça e sustentável quanto ao meio ambiente, só serão possíveis tocando-se o espírito humano, apelando-se àqueles valores universais que, por si só, podem capacitar os indivíduos e os povos a agir em conformidade com os interesses de longo prazo do planeta e do gênero humano como um todo. Uma vez explorada, essa fonte poderosa e dinâmica de motivação individual e coletiva liberará um espírito tão profundo e salutar entre os povos da Terra que poder algum será capaz de resistir à sua força unificadora.
A verdade espiritual fundamental da nossa era é a unidade da humanidade. A aceitação universal desse princípio - com suas implicações em relação à justiça social e econômica, à participação universal em processos decisórios insentos de antagonismo, à paz e segurança coletiva, à igualdade dos sexos e à educação universal - possibilitará a reorganização e administração do mundo como um só país, o lar da humanidade. Há mais de cem anos atrás, Bahá’u’lláh conclamou os governantes e povos da terra a tornarem sua visão mundialmente abrangente: "Que não se vanglorie quem ama seu próprio país, mas sim, quem ama o mundo inteiro". Este desafio ainda deve ser atendido."
Fonte: http://www.bahai.org.br/virtual/EmaDes.htm
Bahá’í International Community Office of the Environment 866 United Nations Plaza, suíte 120 New York, NY 10017 USA Tel: 212-756-3500 Fax: 212-756-3573

15 abril 2009

"Shift In Action"

Quanto mais leio sobre sustentabilidade corporativa, desafios ao desenvolvimento sustentável, crise do sistema financeiro e questões socioambientais relevantes (ufa....aja paciência), como o aquecimento global e as (não-)medidas que (não)estão sendo tomadas para tentar mitigar as mudanças climáticas, mais me deparo com a mesma questão central: a noção de interdependência e interconectividade, que mais cedo ou mais tarde "amarra" todas as discussões. Muita verborragia se usa para explicar coisas tão simples, e no final se chega as mesmas conclusões tão singelas de sempre - todos querem, no fundo e por diversos meios, ser felizes, ter uma boa saúde, garantir o futuro dos filhos (alem do seu próprio), se sentir bem. Como ter o simples, hoje, é cada vez mais complexo, fica evidente que para garantir o básico - estar bem neste mundo -, não podemos destruir a nossa Casa, e que tudo depende das pessoas. E que o mundo está como está por que as pessoas pensam que vão suprir seus ideais de felicidade e bem-estar consumindo, consumindo.... It's all about people. E tudo depende da tal "conscientização". Palavrinha comum hoje em dia, embora ainda não assimilada ou compreendida na sua essência. Para começarmos a entender o que é consciência, é preciso olhar para dentro de si. Aprender a ficar em silêncio, meditar. Sem ler, sem falar, apenas se auto-observar, e então acessar um campo infinito de possibilidades, de criatividade, de paz de espírito (sim, para quem acompanha, sou mega entusiasta do autor Deepack Chopra, pois nele vejo a filosofia das vivências que tenho passado). Mas isso pouca gente quer enfrentar. Não é mais gostoso sentar no sofá, pegar o controle remoto...pedir um junk pelo tel.? Depois, o resto se joga no lixo (vejam Ilha das Flores, de Jorge Furtado, link neste blog, para entender o que é lixo).
No afã de encontrar a saída para este pesadelo mundial que nos metemos, tem um movimento muito grande acontecendo, de gente que enxerga no momento atual da Humanidade o limiar de uma crise sistêmica, que observada sob uma perspectiva histórica, se trata da crise de uma civilização que potencialmente levará a nossa ao fim, como muitos outros grandes impérios já se foram - egípcios, persas, mouros, romanos....a única forma de evitar que a nossa sociedade acabe (pq o planeta não vai acabar, quem está correndo risco aqui é a nossa espécie mesmo, a biosfera encontrará uma forma de sobrevivência, de adaptação e de nova evolução, mesmo que a partir de poucos ratos e baratas sobreviventes, a despeito da nossa ignorância) é uma mudança de comportamento em escala global, e sendo o comportamento o reflexo das visões de mundo, da cultura, da educação, da autopercepção (autoconhecimento), a mudança na consciência é a resposta, pois tudo tem que mudar de dentro para fora.
Hoje aderi a uma campanha que parece ser muito séria, o "Shift in Action", e me tornei membro do IONS - Institute of Noetic Ciences, que está encampando o movimento, e comprei o livro "Global Shift" (por apenas U$ 1!!), que explora justamente essa visão da filosofia integral, a sociedade centrada na interdependencia e a ampliação da consciência e formação de novas lideranças como chave do processo de alcance de um modelo sustentável, tem mil redes sociais sobre o tema.....estou animada! Melhor pensar que ainda há jeito, senão, como que a agente toma coragem de colocar um filho nesse mundo? Ainda tenho 32 anos e nenhum dos meus irmãos ou primos pensa em encerrar a família por aqui.
Para se plugar: www.shiftinaction.com

25 março 2009

A vida vem em ondas.....

Recentemente falei neste blog sobre crise e entrega. Hj o tema volta, ainda mais forte, por meio deste texto de Sri Aurobindo, que recebi dos queridos colegas de Kriya Yoga aqui do Brasil. Achei profundo, de tirar o fôlego, especialmente diante da época insustentável e desafiadora que vivemos, onde sobra diagnóstico e falta plano de ação. Compartilho para que cada um possa sentir onde ele toca:

"A Hora De Deus

Existem momentos quando o Espírito se move entre os homens e a Respiração de Deus abrange todas as águas de nosso ser; existem outros onde Ele se retira e os homens são deixados a agir com a força ou a fraqueza de seu próprio egoísmo. O primeiro acontece em períodos que mesmo qualquer pequeno esforço produz grandes resultados e muda o destino; o segundo acontece e são espaços de tempo quando muito trabalho gera pequeno ou nenhum resultado. É verdade que o último sempre prepara o primeiro, que a pequena fumaça de sacrifícios sobe aos Céus pedindo a Deus sua generosidade.

Infeliz é o homem ou nação que quando os momentos divinos acontecem, se encontram dormindo ou despreparados para desfrutá-los, pois o pavio de sua lamparina não foi mantido aparado para dar boas vindas e os ouvidos ficaram selados ao chamado. Mas três vezes pior é para os fortes e prontos, que ainda assim, desperdiçam força e perdem o momento; para estes a perda é irreparável ou uma grande destruição.

Na Hora de Deus, purifique sua alma de toda falsidade e hipocrisia e da auto comiseração vaidosa e que você possa olhar diretamente dentro de seu espírito e ouvir aquilo que te chama. Toda a sua natureza insincera, outrora sua defesa contra o olho do Mestre e a luz do ideal, se tornou agora um buraco em sua armadura e atrai a pancada. Mesmo que tenha conseguido segurá-la neste momento, é pior para você, pois a pancada vem mais tarde e vai jogá-lo ao chão no meio de seu triunfo. Mas quando puro, jogue todo o medo para fora; pois a hora é sempre terrível, um incêndio, um tornado ou uma tempestade, uma prensa forte como uma pisada que vem da ira de Deus; mas aquele que consegue ficar em pé, na verdade de seu propósito é quem deve se destacar; mesmo que caia, ele se levantará novamente; mesmo que pareça que passe pelas asas do vento, ele irá retornar. Também não deixe que a prudência mundana fale muito de perto ao seu ouvido; pois esta é a hora do inesperado, do incalculável, do imensurável. Não meça o poder da Respiração por seus instrumentos minúsculos, mas confie e vá em frente.

Mas mantenha sua alma límpida, em todos os instantes, dos clamores do ego. Então um fogo marchará diante de ti à noite, deixe que a tempestade seja sua amiga e sua bandeira irá tremular nas maiores alturas da grandeza que deve ser conquistada."

Sri Aurobindo
(escreveu cerca de 1918)

06 março 2009

Dia Internacional de Qual Mulher?

Neste Dia 8 de março, achei oportuno fazer uma breve reflexão sobre o modelo de mulher que emerge neste início de século. Na verdade, este é um debate muito amplo para este espaço. E pertinente, dada a participação, cada vez maior, das mulheres no mercado de trabalho e as mudanças em curso em relação ao papel que ela desempenha no relacionamento afetivo, na família, na comunidade. Hoje, felizmente muitas mulheres estão questionando e até mesmo abandonando o rótulo de "Mulher Maravilha", de "mulher-Madona", aquela que tudo pode, que tudo manda...que trabalha 12 horas por dia - ou mais, que administra (a distância) a rotina (estressada) dos filhos, que cuida do marido (na verdade, se preocupa em cuidar, mas não tem tempo para isso, ou está sem tempo para ter um companheiro), que corre do supermercado ao shopping e enche a sua casa de comida industrializada, tudo muito prático, assim gera montanhas de lixo todos os dias. Vive ansiosa e preocupada com a estética. Usa cada minuto possível para correr para a academia, ou fica encanada por não cuidar do seu bem estar e ver sua forma física piorar a cada ano. Não vai a praia a meses, e não pisa na terra há anos! Tem mil coisas para cuidar, e nunca se lembra de lembrar de si mesma.
Que mulher é essa que criamos? No afã de ter igualdade com os homens, as mulheres acabaram assumindo um papel estressante, insustentável, que a afasta de sua verdadeira essência e que até mesmo afasta os próprios homens, pois os deixa acuados.
Ano passado, eu e minha irmã Juliana Raposo, que é uma jornalista muito talentosa, encerramos uma sociedade de sete anos num business de comunicação corporativa e cada uma foi em busca de um reequilíbrio na vida. Largamos mão do suposto glamour de ter a agenda cheia de eventos e de jantar coquetel quase que diariamente. Dos terninhos (muitos de polyester, urg!), dos saltinhos Chanell, da jornada de 12 horas diárias, dos grandes questionamentos internos. Fomos em busca de um novo modelo, que integrasse as diversas facetas de cada uma, reunindo de forma mais harmoniosa família, trabalho, amigos, romance, estudo, autoconhecimento, espiritualidade, contribuição para a sociedade. Pois não existe vida profissional, vida pessoal, vida familiar....existe VIDA!
Hoje trabalho para viver (e não o "vice-versa"), combino atividades que são prazerosas. É mágico poder curtir uma segunda-feira no escritório, sem aquela pressa de que chegue logo o final de semana. Juliana vive no sitio e está empreendendo um negócio de queijos de cabra, com criação e produção artesanal - são as Delicias do Bosque! Um sucesso. Ela vive feliz, sua pele nunca esteve tão bonita. Ela te olha nos olhos, te escuta, tem alegria de viver. Não somos mais aquele poço de estresse, ratinhas correndo atrás da cauda.
Muitas mulheres ainda perseguem o modelo de ser a executiva-mãe-toda-poderosa, e acabam gastando boa parte do supersalário em contas de psicanalistas e clínicas de estética. Nada contra os terapeutas, fiz muita terapia já (na época em que fui executiva!).
Não acredito em certo e errado, ou no modelo de vida ideal, mas estamos quase em 2010, e cinquenta anos após a "Revolução Feminista", já parece ser hora de a mulher se reconectar, ao menos um pouquinho, com a Mãe Natureza , e resgatar sua identidade verdadeiramente feminina, de companheira-colaboradora dos homens - e não sua competidora-destruidora. E usar a sua grande habilidade de administrar múltiplas questões simultaneamente e sua visão sistêmica em prol da construção de uma sociedade mais equilibrada, pois sustentabilidade é perenidade, e essa busca passa também pela relações, não basta colocar as embalagens na lixeira reciclável do apartamento.

Abaixo compartilho um artigo sobre esse tema, um lindo testemunho da jornalista Giuliana Capello, que também mostra, na prática, como é possível ser bem sucedida sem deixar de ser Mulher.

Por Giuliana Capello
"Mas você vai largar a carreira de jornalista para ser dona-de-casa no meio do mato?” Muitas amigas já me fizeram essa pergunta, indignadas com minha opção de viver numa ecovila e de não cultivar, digamos assim, muitas ambições profissionais (embora eu não esteja pensando em abandonar o jornalismo).
É inegável que as mudanças que tenho feito na minha vida, para ter um dia-a-dia mais coerente com meu discurso, levam-me a uma reflexão profunda sobre a ideia de feminismo, de ser mulher no século XXI, de ser ou não ser mãe, de ter um trabalho bem remunerado, de ser feminina sem ser vulgar, de ter voz entre os homens, e por aí vai. Até porque sei - e sinto - que estou na contramão da maioria e que meu caminho não é, nem de longe, sequer desejado por muitas mulheres.
Às vezes, fico pensando: será que estou cometendo alguma falta contra as mulheres que lutaram e ainda lutam por mais igualdade, respeito e espaço no mundo?!? Será que querer viver de um jeito mais simples, mais ligado à terra e aos amigos depõe contra a noção de libertação da mulher? Que mulher é essa que eu cultivo em mim que não acha demérito passar mais tempo no escritório montado em casa e cuidando de afazeres domésticos do que na empresa (e, por consequência, no trânsito, em restaurantes self-service e no shopping center comprando roupas para manter uma boa imagem entre os colegas)?
Vamos por partes. Não vou abandonar o trabalho remunerado. Apenas não é meu desejo passar os dias numa redação, sentada na frente do computador, sob o ar-condicionado e a tensão dos prazos curtíssimos. Tenho me esforçado para conseguir trabalhos que poderão ser levados para a ecovila - como este blog aqui, por exemplo, e as resenhas de livros que tenho feito para a seção Estante deste site. Ou seja, não estou abrindo mão da minha profissão; estou tão somente reestruturando o peso que esse aspecto tem e terá daqui para frente.
O trabalho fora de casa não precisa ser a razão de nossa existência. Isso não é libertação nem para mulheres nem para homens! Sinceramente, a mulher fez a revolução lá nos anos 60, quando queimou sutiãs, descobriu a pílula, usou roupas masculinas e saiu às ruas gritando “posso fazer tudo que um homem faz”. É claro que ainda existe discriminação de gênero no planeta. Mas sair de uma condição de subjugação para outra (a da dupla ou tripla jornada, a da ditadura da juventude ou da executiva estressada) não me parece ser exatamente um grande avanço.
Talvez as mulheres tenham radicalizado demais. Quiseram tanto ser igual aos homens que simplesmente execraram alguns saberes importantes pelo caminho. Cozinhar, bordar, cuidar dos filhos e do marido virou coisa de avó e de mulherzinha atrasada. Afinal, ter uma agenda cheia é que é sinônimo de mulher bem-sucedida. E olha que não vale aqui agenda cheia de compromissos ligados ao lar, hein! Nada de supermercado, padaria, sapateiro ou costureira. O negócio da mulher deste século é frequentar academia de ginástica e ter dinheiro para pagar pelos bisturis mágicos das clínicas de estética. Será?
Será mesmo que essa mulher foi libertada? Tenho minhas dúvidas. Penso que, passada a fase do feminismo original, está mais do que na hora de abrir uma temporada de balanço. Ser dona-de-casa não é palavrão nem castigo. Ainda mais se for algo voluntário. Tem muita mulher fazendo essa opção hoje em dia...
Lá na ecovila, acredito que isso poderá até ser um prazer. Acordar cedo, preparar o café da manhã, dividir as tarefas do dia com o companheiro (sim, os homens também mudaram muito!), encontrar outras mulheres da comunidade para fazer pão, costurar, pintar, plantar, dançar, praticar yoga, cuidar das crianças.
Confio muito na enorme capacidade que temos de aprender novas habilidades a cada dia e de sermos pessoas mais inteiras à medida que conseguimos dar vazão ao nosso lado criativo. Tenho fome de aprender coisas novas (que, na verdade, são bem antigas) e...inusitadas. Quer ver um exemplo? Minha avó está me ensinando a costurar. Quando eu era criança, a Sinhá dava aulas para um punhado de mulheres. E eu sempre achei o máximo essa história de pegar um pedaço de tecido e transformá-lo em roupa. Então, resolvi tentar (já falei sobre isso aqui no blog). E não é que estou conseguindo aprender?! Já fiz lençóis, uma cortina para banheiro, uma saia e uma blusa. Tenho certeza, esse saber terá um valor imenso quando eu estiver morando na ecovila.
Na mesma toada, tenho me dedicado a aprender a cozinhar mais e melhor. Já faço vários pratos vegetarianos e me viro bem. Mas com a horta e o pomar comunitários da ecovila, vou querer aprender a desidratar frutas, fazer doces, compotas, conservas etc.
Também ando estudando violão, por conta própria. Estudei piano dos seis aos quinze anos de idade, mas sempre soube que eu não conseguiria alegrar uma festa tocando Bach, Mozart ou Liszt. Então, seguindo a trilha do meu pai, que é músico, e do meu avô, que morreu como um excelente bandolinista, escolhi o instrumento de cordas como aliado para futuros encontros entre amigos.
Por último, ingressei num curso de formação em yoga. Já pratico há uns três ou quatro anos, mas sentia falta de aprofundar o conhecimento sobre essa filosofia milenar. Ainda não sei dizer se vou me tornar professora de yoga. Mas, ao menos, sei que poderei oferecer práticas diárias para a comunidade da ecovila.
Em resumo, meu caminho tem sido encontrar maneiras de me conhecer e me realizar mais plenamente. Não tenho receio de parecer antiquada ou mesmo maluca. Sei que estou tentando trilhar um caminho diferente, em que cada passo é dado lentamente, dia após dia. Mas sei também que poderei contar com meu companheiro e com minhas amigas da ecovila. Posso não ser fã ardorosa de uma vassoura, mas se ela for o passaporte para um cotidiano mais pacífico e cheio de sentido, sei que posso encará-la sem problemas...

Fonte: http://planetasustentavel.abril.uol.com.br/blog/gaiatos/index.shtml



27 fevereiro 2009

Retenção e Entrega Total, num mundo sem dinheiro

Esta semana recebi um mail que bateu fundo (reproduzo abaixo na integra).
Relatado pelo PHD e especialista em Kabbalah, Mr. Rav Michael Laitman, em resposta a um aluno, ele nos mostra como o dinheiro do mundo está virando pó, e como as pessoas em todo o globo estão sofrendo e lidando com o desabar de suas tradicionais convicções. E a crise de valores que está no bastidor de tudo isso.

Refleti sobre o processo de "entrega total" - complete surender - quando ocorre uma verdadeira entrega, um apelo, uma transferência da responsabilidade a "algo maior" no momento da crise máxima, no limiar do pânico, quando nos damos conta de que ainda não há resposta plausível para o problema, que ainda não há luz no fim do túnel, e que não estamos aptos a resolver sozinhos. É nesse estado de total extremo, no over limit, que a carne se amacia, e então o ego duro pode aceitar que não sabe tudo, que não pode tudo; e então uma magia começa a acontecer!
O guerreiro olha a sua volta em busca de apoio, e constata que não está só. Com o ego trucidado, ele é então capaz de aceitar que há algo além da matéria e ao redor de tudo e todos, uma Lei que opera os sistemas a despeito das intervenções humanas, algo mais inteligente, uma sabedoria superior, que há de ser capaz de dar um jeito e aplainar o pranto.

Estamos vivendo uma época sem precedentes, pois tudo entrou em crise. Praticamente todas as instituições estão em cheque. Vivemos uma ampla crise dos sistemas estruturantes de nossa sociedade. Uma vez já deflagrada, estamos sujeitos a eterna lei da ação e reação, da causa e efeito. Bancarrota do sistema financeiro global, disparada da pobreza e da fome, guerras intermináveis, terrorismo, mudanças climáticas....a lista é grande e vai longe. Para corrigir teremos que reformar ou recriar os sistemas, e restaurar o pilar perdido - a confiança. Confiar em si mesmo, nos outros, e naquilo que está ao redor (ou acima) de tudo, governando o todo. Humildade. Não somos o Ser superior. Nem individuais. Precisamos (re)conhecer a nossa essência.

Ao mesmo tempo, a consciência mundial está se ampliando numa velocidade e escala nunca vista. Cada vez mais as pessoas aceitam que a vida não é só feita de matéria, que o Homem não está no comando, que somos seres integrais - corpo, mente, espírito - vivendo numa sociedade complexa, formada por partes interdependentes, interconectadas. E estão se mobilizando para fazer diferente, e para contaminar positivamente outros corações e mentes.

A ganancia de uns hoje é sentida na mesma moeda por muitos, quase que imediatamente. Então vem muita gente fazer a apologia da ética!! Vem aquela "verborragia" corporativa. Não seria óbvio fazer "as coisas certas do jeito certo"? Fazer com o olhar além do benefício próprio, zelando pelas consequências de nossos atos sob os demais? Fazendo de uma forma que possa ser duradoura e benéfica ao longo do tempo, indefinidamente? Isso é sustentabilidade, palavrinha mais usada para marketing verde do que para a noção de perenidade.

Nada é tão óbvio, e as crises estão aí para lembrar ao Homem ignorante que ele não está aqui só em defesa de seus interesses, e que os nossos problemas, que transcendem questões materiais, não serão solucionados com receitas exclusivamente materiais. Se fosse este o caso, os pacotes do Congresso Americano já teriam fechado a questão, ou algum cientista já teria aplacado o aquecimento global por meio de certa engenhoca, etc.

Historicamente, ao menos na contemporaneidade, prevaleceu a lei do "salve-se quem puder".
Mas a Crise atual nos oferece a oportunidade de realizarmos uma nova forma de Ser, de Ter, de Fazer, muito além de interesses egoístas. É hora de olhar para o todo. Passado, presente e futuro. E muito além da razão. Quem ainda não se deu a chance de se questionar e de ampliar a visão, vai, mais cedo ou mais tarde, se deparar com o momento da entrega total.

Abaixo a mensagem original:
"Pergunta: Você realmente acredita num mundo sem dinheiro? Resposta do Rav Michael Laitman, postando uma carta de um estudante Americano seu de longa data, Tasha:

Eu trabalho numa companhia financeira que até recentemente era um dos pilares do mundo financeiro, mas que agora está se agarrando com força à cada dólar, tentando sobreviver. Há um ano, não havia uma única vaga na empresa, mas agora, um ano mais tarde, menos de um terço dos postos de trabalho estão ocupados. Demissões estão ocorrendo mensalmente e todos estão aguardando a sua vez, esperando adiar o que é inevitável e tentando resolver o problema de como alimentar os seus familiares.O que aconteceu? Por que tudo desabou? Nos foi ensinado que vivemos e trabalhamos para o dinheiro “virtual”. Mas continuamos trabalhando, e damos às pessoas a oportunidade de trabalhar e alimentar suas famílias. Então, o que mudou?O mundo material não mudou, mas os escritórios estão vazios, os vôos cancelados, e ninguém está tirando férias em resorts. Em vez disso, as pessoas estão aumentando as filas por seguro desemprego. Por que repentinamente todos estão vendo um mundo surreal? Por que o sistema “estabelecido”, onde todos recebem uns dos outros, já não funciona? O sistema econômico universal se rompeu.Mesmo que o dinheiro flua para dentro do sistema, este não funcionará corretamente, visto que os bancos e as empresas não confiam uns nos outros. As empresas não recebem o crédito dos bancos, e portanto não depositam seu dinheiro neles. Como resultado, tudo fecha. Em outras palavras, o sistema foi baseado, desde o início, na confiança (sobre a perspectiva de uma margem de lucro), e não no dinheiro.Mas se não há dinheiro, então por quê eu tenho de trabalhar “por caridade” (sem receber dinheiro), receber aquilo que eu preciso do armazém (sem dar dinheiro algum), e o armazém receber mercadorias de um fornecedor (sem dar dinheiro algum), para o qual eu produzi (dos quais não obtive dinheiro algum)? Será que tal sistema funcionará, onde todos trabalham por caridade e recebem aquilo que é necessário? Seria o paraíso na terra.Mas, como poderemos tentar trabalhar “por caridade”, se todos a nossa volta começarão a nos usar, e não há nenhuma garantia que receberemos de volta ao menos um pouco daquilo que precisamos? Em outras palavras, esse sistema só funcionará normalmente sob a condição de que todos os participantes aceitem trabalhar gratuitamente, esforçando-se ao máximo pela sobrevivência da sociedade e recebendo as necessidades básicas. É assim que funciona a natureza, onde as partes do todo vivem em prol da existência de todo o organismo. E se a crise continuar a se desenvolver, essa será a única solução possível.Assim, o verdadeiro problema é: como poderemos frear o nosso egoísmo e começarmos a viver ajudando e cuidando uns dos outros, em vez de nos explorarmos uns aos outros? Por que razão as pessoas estão dispostas a pisar umas nas outras a fim de conseguir mais dinheiro? Qual a importância de quantos zeros temos nas nossas contas bancárias? Qual é a diferença entre uma quantia infinitamente grande e uma ausência total de dinheiro?Uma grande soma de dinheiro dá à pessoa uma coisa: confiança de que ela e sua família terão sempre o que é necessário, que os seus filhos receberão uma educação, e ela será sustentada na terceira idade, recebendo a melhor assistência médica sempre que precisar. Assim, se houvesse uma forma de dar às pessoas a confiança de que a sociedade as sustentará com todos os princípios básicos, quanto dinheiro cada um de nós precisaria? Não precisaríamos de dinheiro algum, pois, como tem ficado claro atualmente, tudo o que excede as necessidades é apenas para o nosso prejuízo.O montante necessário é, naturalmente, subjetivo. Para uma pessoa, é um segundo par de meias, e para outra, é um terceiro Mercedes Benz. No entanto, se a humanidade chegar ao ponto onde a única maneira de sobreviver for através do consumo mínimo, então todos acabarão percebendo aquilo que é necessário para elas apenas como uma oportunidade de proporcionar o maior benefício para a sociedade. Então, onde está aquela força mágica que pode mudar a nossa essência, de consumo para doação, onde todos se preocupam com todos?Ela não existe em nosso interior. Só podemos depositar nossas esperanças na força que nos criou, criou todo esse mundo, e toda a criatura viva, com essa imensa sabedoria. É a força que está empurrando a humanidade a se desenvolver para um novo nível qualitativo, ainda despercebido por nós. Precisamos da Luz em nossa escuridão. É a Luz que nos corrigirá e nos levará a um novo mundo, com novos relacionamentos."

Fonte da mensagem: Magma

12 fevereiro 2009

Entrada na Era de Aquario (Age of Aquarius)

Alinhamento Aquariano de 14/fev/2009 por Jude Currivan PhD

"No alvorecer do dia 14/fevereiro, dia dedicado à São Valentim nos Estados Unidos e Europa (Valentine´s Day, o patrono e Santo do Amor) a lua em Libra entra na sétima casa dos relacionamentos; Jupiter e Marte estarão alinhados no signo de Aquarius na décima segunda casa da transformação espiritual. Quarenta anos atrás, as palavras intuitivas de uma canção chamada Aquarius, trouxe o alvorecer da Nova Era ao Consciente Coletivo : "When the Moon is in the seventh house and Jupiter aligns with Mars.Then peace will guide the planets and love will steer the stars "
" Quando a Lua estiver na sétima casa e Jupiter se alinhar com Marte,Então a PAZ guiará os planetas e o Amor varrerá as estrelas "
No alvorecer do dia 14/fevereiro, o Cosmos realmente vai personificar este perfeito alinhamento que irá apoiar nossa manifestação coletiva de Amor e PAZ, no alvorecer da Era de Aquarius. O mapa astral do dia 14/fev que revela uma incrível concentração de influências cósmicas combinadas com as energias de Aquarius na décima segunda casa. Júpiter, o planeta da expansão, e Marte, o planeta da energia estarão alinhados com o objetivo mais elevado. A presença de Quíron, o curador ferido, nos oferece a oportunidade de curar os fatos que nos separaram durante tanto tempo de nós mesmos e do todo. Netuno enfatiza os movimentos humanitários coletivos e a co-criação da justiça social. A presença do SOL ilumina todo este alinhamento especial. Mercúrio, também na décima segunda casa, porém em Capricórnio, se alinha com Plutão que significa Transformação para se comunicar e ancorar a MUDANÇA através de nossas estruturas globais e instituições. A Lua em Libra na sétima casa enfatiza o início de relacionamentos harmoniosos. Venus em Áries na primeira casa energiza e dá Poder à co-criatividade e ao dinamismo. Saturno, o grande mestre do trabalho em oposição à Urano, o desperto inesperado, sugere uma série de confrontações dos velhos paradigmas que não são mais sustentados, entregando-se ao novo paradigma com novas esperanças. Sua colocação entre Virgem e Peixes traz altruísmo prático e inspiração visionária nesta transição. Durante os 18 minutos do alinhamento, eu convido você, em seu coração universal, para colocar sua intenção de AMOR e PAZ e juntos CO-CRIARMOS O ALVORECER DA ERA DE AQUARIUS no Cosmos. Na forma que mais for apropriada para você, energize este momento com suas INTENÇÕES E ORAÇÕES e juntos criaremos uma onda de energia que abraçará a Mãe Terra. Sinta-se à vontade para circular esta informação e nosso convite para este incrível evento Cósmico: O ALVORECER DA ERA DE AQUARIUS, conforme cantado há 40 anos na música AQUARIUS...
Participe deste grande MOMENTUM e CO-CRIE SUA NOVA REALIDADE E SUA NOVA VIDA NA MÃE TERRA."

Lembram da musica "Age of Aquarius", do filme Hair?
Olhe só: http://www.youtube.com/watch?v=EhbxI5eVnM4

06 fevereiro 2009

"O líder globalmente responsável – Uma Chamada para a Ação"

Compartilho abaixo iniciativa da FDC - Fundação Don Cabral, na disseminação da convocação da comunidade empresarial para engajamento no processo de construção da nova sociedade. Preciso e inspirador!

"Segue o Manifesto que o GRLI (Globally Responsible Leadership Initiative) decidiu lançar neste momento de crise mundial. O GRLI é uma única comunidade global de ação e de aprendizagem, constituído por organizações (os sócios) que trabalham individualmente, em pares e coletivamente, cuja missão é promover e apoiar o desenvolvimento de criar uma próxima geração de líderes globalmente responsáveis. É criada como uma fundação de interesse público, com sede na Bélgica. No Brasil, tem o apoio da Fundação Dom Cabral no desenvolvimento de seus trabalhos acadêmicos."

"A competitiva economia de mercado, nosso atual modelo de desenvolvimento, vem demonstrando uma criatividade contínua, ao mesmo tempo em que vem ocorrendo uma turvação progressiva de sua conexão com o bem-comum global, e uma perda significativa em nossa capacidade de regular o modelo. Se não houver uma profunda transformação, tal modelo, até então bem sucedido, corre o risco de se tornar insustentável, e de perder sua legitimação moral e política. Convidamos líderes de negócios, de políticas, da sociedade civil e da educação a se unirem a nossos esforços de catalizar este processo de mudança. O sistema, como um todoA competitiva economia de mercado apresenta muitas vantagens: criatividade, produtividade, potencial de crescimento e flexibilidade. Empreendedorismo e inovação estão no coração deste sistema. Em uma economia de mercado, a empresa é o agente da evolução técnica e econômica. Por um longo tempo, presumiu-se que as ações da empresa, automaticamente, se prestavam ao bem-comum, graças às virtudes do mercado, e à sua famosa “mão invisível”. Hoje, esta conexão está se tornando bem menos nítida. A globalização, o crescimento da tecnologia da informação e a ausência de uma regulamentação mundial conferem às empresas um poder – e uma liberdade – para agirem, sem precedentes. Algumas empresas exercitam este poder de acordo com seus próprios critérios: lucratividade, competitividade e valor aos acionistas, freqüente e crescentemente em um curto prazo, impulsionadas pelas exigências de relatórios trimestrais de analistas financeiros. Essa lógica tornou-se dominante. Ela nos impôs um modelo de desenvolvimento cujo único propósito é o seu próprio dinamismo e efetividade. Guiado unicamente pela lógica instrumental, o modelo se torna crescentemente ambíguo e paradoxal. Ao mesmo tempo em que produz mais riquezas do que nunca, e assegura um crescimento sem precedentes, ele polui, exclui e freqüentemente encoraja a opressão e a injustiça social. Ele promove uma corrida desesperada, que não mais apresenta um objetivo visível, ou raison d’être, além do valor ao acionista a qualquer preço. Esta medida, por seu curtíssimo prazo, não mais reflete o verdadeiro valor de uma empresa em termos de sua contribuição para a sociedade. Ao tornar-se global, o nosso modelo de desenvolvimento revelou seus limites e contradições. Sua extraordinária capacidade de criação de riquezas, seu dinamismo internacional e empreendedorismo estão produzindo efeitos colaterais sistêmicos não desejados, que preocupam muitos e revoltam outros. Devido ao fato de a experiência recente ter demonstrado que o modelo atual não conduz a um equilíbrio que sirva ao bem comum, a GRLI (The Globally Responsible Leadership Initiative) argumenta que há uma necessidade urgente de se conceber e implementar um modelo de desenvolvimento mais sustentável e social. Esta é a base de nosso chamado para a ação.
Liderança globalmente responsávelA atual crise financeira demonstrou que o ideal de um sistema auto-regulatório nos levou a um fracasso em um nível global, com implicações a longo prazo no desenvolvimento econômico e no bem-estar da humanidade. No coração deste fracasso está a ausência de responsabilidade e de liderança. Precisamos de lideranças mais responsáveis para implementar um modelo mais abrangente para o desenvolvimento sustentável. Isto requer uma profunda mudança nas mentalidades e comportamentos dos indivíduos, bem como na cultura corporativa geral. O que é necessário é que tanto os indivíduos quanto as organizações assumam sua responsabilidade perante o Bem Comum. Uma liderança globalmente responsável exige que a mudança cultural e a evolução nas mentalidades se baseiem na revisão de três áreas: primeiro, na raison d’être da empresa; segundo, na liderança como representante e catalizadora de valores e responsabilidades na organização; e terceiro, na atuação como estadista corporativo para expandir o debate e o diálogo com a sociedade como um todo. 1. Revendo a raison d’être da empresaO objetivo precípuo da empresa é o de contribuir para o bem-estar geral através do progresso econômico. O valor aos acionistas é apenas uma de diversas medidas de desempenho. Ações empreendedoras são definidas em termos de iniciativa, dinamismo e inovação. Temos que retornar ao coração da ação empreendedora, que é a criatividade em um mundo real de bens e serviços, em oposição a uma lógica de pura especulação financeira. Esse conceito de progresso nos permitirá identificar a contribuição específica de uma empresa à sociedade – a função que ela, sozinha, é capaz de cumprir, e que a diferencia das demais organizações tais como governo, sindicatos, universidades, ONGs e outras. Recolocar a economia em uma perspectiva de bem comum requer o exercício de responsabilidade global. Estabelecer os alvos e o objetivo do progresso econômico envolve o alinhamento deste progresso ao contexto maior do progresso social. A economia é apenas uma parte do todo, e não pode dominar a sociedade humana impondo sua visão restrita de equiparação de progresso a crescimento dos lucros. Existem outras formas de progresso, por exemplo, no domínio da cultura, sociedade, política, espiritualidade, educação e saúde. Apesar de o progresso financeiro de uma empresa encorajar alguns deles, ele não abrange todo o campo do progresso humano. Nós também vimos que desvios do sistema atual podem gerar regressão e levar a situações negativas, ou até mesmo destrutivas. Devemos parar de afirmar que, para responder aos desafios globais, temos apenas que acreditar na engenhosidade técnica e indicações do mercado. Devemos parar de alegar que há uma convergência quase automática entre criatividade econômica e o desenvolvimento global da humanidade. A empresa apenas se tornará reponsável ao se comprometer com uma visão totalmente abrangente do progresso social e do desenvolvimento sustentável. É nessa perspectiva que a GRLI apóia a formulação do objetivo dos negócios globalmente responsáveis nos seguintes termos: “Criar progresso econômico e social de forma sustentável e globalmente responsável”. 2. Liderança e adequação éticaLiderança responsável implica embasar as ações em um sistema de valores que reconhece a interdependência societária e o desenvolvimento sustentável a longo prazo. Se a empresa desejar atribuir um significado às suas ações, se ela quiser atribuir um objetivo ao progresso econômico alinhando-o ao progresso social, a ética é essencial para iluminar escolhas difícieis e guiar o comportamento. A questão ética principal de nosso tempo é escolher que tipo de mundo queremos construir juntos, com a imensa gama de recursos que temos à nossa disposição… Os humanos, as sociedades e suas ações constroem – ou destroem – o mundo. Somos responsáveis pelo futuro e pela sociedade que criamos. Esta responsabilidade se torna tanto maior conforme aumenta nossa criatividade, recursos e poder. O conceito tradicional de ética é insuficiente, pois está adstrito às conseqüências imediatas das ações no ambiente que nos cerca. Ciência, tecnologia e globalização impõem questões radicalmente novas que nos forçaram a olhar além desta limitada concepção e levar em consideração a interconexão global.Recusar-se a incorporar a ética ao funcionamento de uma empresa, sob o pretexto de que a economia tem sua própria lógica é o mesmo que se trancar em uma abordagem instrumental (a ideologia de mercado), o que retira da empresa a sua legitimidade social, e pode levar a fracassos espetaculares. A ética não se restringe a convicções ou valores, mas é essencial para a sustentabilidade das companhias a longo prazo. 3. Estadista Corporativo Trata-se da organização como contribuinte ativa para a evolução e para o bem-estar social. A empresa responsável aceita um debate aberto sempre que suas ações possam acarretar importantes conseqüência sociais. Novos tipos de diálogo, que inclui representantes da sociedade civil (tais como ONG´s, universidades, organizações religiosas) e instituições internacionais, precisam ser trazidas à discussão com parceiros sociais e governos. Tal abordagem deve, obviamente, ir além da estrutura nacional. Uma transformação voluntária é necessária, mas não mais será suficiente para melhorar o sistema. Também necessitamos de vontade política traduzida em regulamentações e governança mundial. Ao invés de se limitar a ações de lobby, a companhia responsável participa pró - ativamente na preparação e implementação das normas globais necessárias, em colaboração com todos os interessados. Isto inclui ouvir atentamente e contribuir para o debate público. É neste sentido que os líderes responsáveis devem desenvolver uma nova capacidade de atuação como estadistas.
Conclusão e compromisso com um diálogo criticamente construtivo Ao desenvolver esta necessária mudança cultural, é importante não perder de vista que estamos nos referindo a um processo de questionamentos em andamento, através do diálogo entre vários atores interessados (isto é, o mundo político, atores econômicos, e viabilizadores sociais). Importante também que esta mudança implica repensar, necessariamente, o modo como os líderes de negócios, politicos e sociais são educados e treinados. Concretamente, a GRLI acredita que as escolas de negócios deveriam focar na educação completa da pessoa, como empresários, líderes e estadistas corporativos. Liderança é a arte de motivar, comunicar, conferir poderes e convencer as pessoas a se engajarem em uma nova visão de desenvolvimento sustentável, e a necessária mudança que ela acarreta. Liderança se baseia em autoridade moral. Autoridade moral requer convicções, caráter e talento. Todos que já se engajaram em ações sabem que grandes líderes talvez devam parte de sua autoridade mais às suas qualidades pessoais, que às suas competências técnicas e intelectuais. Esta tem sido uma constante por toda a história da humanidade.À luz de tudo isso, e percebendo a urgência com a qual o sistema em falência precisa ser modificado e adaptado às necesidades humanas em uma economia globalizada, nós, líderes corporativos, escolas de negócios e instituições de aprendizagem chamamos para a ação nos comprometendo a: (1) Melhorar os fatores de mudança que nos ajudarão a implementar um modelo de desenvolvimento mais sustentável(2) Embutir os valores e comportamentos adequados em nossas estratégias e práticas gerenciais (3) Desenvolver uma pedagogia e um currículo que possibilite o desenvolvimento da liderança responsável(4) Trocar inovações, boas práticas e casos em negócios e educação, e compartilhá-los com nossos parceiros e com o público em geral através do desenvolvimento de fóruns para um diálogo crítico e construtivo. Nossa chamada para a ação visa reforçar as forças de nosso sistema empresarial enquanto corrige os defeitos e excessos financeiros deste sistema. Nós nos empenhamos em alcançar isto através do aprimoramento da responsabilidade em todos os níveis."

Este artigo é resultado de discussões em grupo na GRLI, baseadas em três documentos:: “Uma chamada para o engajamento” (GRLI, 2005)“Aprendendo para o amanhã: Aprendizado para a pessoa completa Whole Person Learning’ (Bryce Taylor, Oasis Press, 2006)“Prometeu deve ser acorrentado?” (Philippe de Woot, Palgrave)

Integridade para o corpo, a respiração e a mente

Amigos,

Estou voltando a ministrar aulas de yoga. Pratico regularmente há oito anos. Recebi Iniciação em Kriya Yoga de Babaji no Brasil, em 1º., 2º. e 3º., nível, pela Kriya Yoga Order of Acharyas, Canadá. Fui instrutora de Ashtanga Yoga para funcionários e profissionais de saúde do Hospital Israelita Albert Einstein (2003-04). Mo mesmo período, atuei em academias e ministrei aulas particulares. Realizei formação em Educação Física pela FMU, por meio de extensão universitária em convênio com o Conselho Regional de Educação Física (CREF/SP).

Convido os interessados a conhecer a prática. Ofereço aulas 3ªs.feiras às 19h e 5as. feiras às 7:30, com uma hora e meia de duração.
Nestas aulas praticamos Hatha Yoga com ênfase na técnica de Ashtanga Vinyasa, uma modalidade dinâmica que combina posturas físicas sincronizadas com respiração consciente e técnicas de concentração, ideal para aliar o condicionamento e alongamento do corpo físico ao relaxamento da mente. A prática regular torna o corpo mais forte e flexível, melhora a postura, desenvolve maior equilíbrio físico e emocional, libera toxinas e favorece um profundo descanso mental, trazendo harmonia e bem-estar. Sempre que necessário, as posturas serão personalizadas para cada aluno, de acordo com sua condição física.

Local: Av Pedroso de Morais, 344 cj 6 – Pinheiros.
Trata-se de em espaço dedicado à prática de yoga e à técnicas terapêuticas, coordenado por Sharanadevi, terapeuta corporal e acharya da Ordem de Kriya Yoga de Babaji no Brasil.

Favor confirmar presença: tel. (11) 3812-1313 ou e-mail sharanadevi@babajiskriyayoga.net, pois restam poucas vagas.

Abraços,
Clarissa

17 janeiro 2009

Consciência, bem estar e autorealização

Diz o senso comum que a "culpa" é sempre do vizinho. Achamos que o motivo que nos leva a sofrer é sempre externo e justificamos nossas atitudes no outro – aconteceu isso, ele falou aquilo...sem nos darmos conta de que a interpretação de tudo o que acontece ocorre dentro da própria mente.
A mente é uma janela para observamos o mundo. Quando as vidraças estão turvas e bloqueiam a clara percepção, sobram erros de avaliação, dúvida excessiva, ansiedade, medo, angústia, frustração, raiva e até idéias obsessivas. Acabamos presos num ambiente interno conflituoso. Podemos sentir dificuldade de manter o autocontrole, e lidar com as pessoas se torna um desafio.
O corpo sente na pele as conseqüências desta avalanche de sensações – a respiração fica mais curta, acelerada. A musculatura se contrai e uma inquietação toma conta de tudo. Passado o momento, as emoções vão cedendo e acabamos retornando ao nosso estado "normal". Mas parte da tensão sempre fica, e ainda temos que arcar com as conseqüências de nossas ações.
O ambiente profissional nas grandes empresas traz dificuldades ainda maiores no lidar com as situações do dia-a-dia. Desgastes nas relações podem levar a pessoa ao isolamento ou a manter uma máscara fake e desconfortável para buscar aceitação. O condicionamento social a impede de reajir com naturalidade diante de ameaças ou obstáculos. Somado à complexidade das atividades e à pressão por desempenho, tende a alterar constantemente o clima interno - e externo. Quando este contexto é permanente se instala facilmente o stress, que em níveis mais profundos afeta todo o potencial do indivíduo, seu sistema imunológico, vida afetiva e, a longo prazo, pode comprometer a própria vida.
Mas o que fazer? Lamentar e passar a vida criticando os eventos e o comportamento dos outros, depositando grandes expectativas em algo que está fora de nós, só leva à impotência e nada contribui para melhorar o bem estar e a capacidade de nos relacionarmos com clareza e sucesso.
As mudanças em direção a um maior contentamento começam com o auto-desenvolvimento, um processo de (re)tomada de consciência que deve ser relevante para cada um. Com disciplina pessoal é possível adestrar cada aspecto de nosso Ser, começando pela parte mais densa – o corpo -, seguindo pela harmonização da respiração, chegando enfim a clarear a mente. Cada parte de nosso todo afeta uma à outra. Um estado emocional, por exemplo, corresponde a determinado padrão respiratório. Então, podemos acalmar a raiva respirando lenta e profundamente pelas narinas; ganhar mais “jogo de cintura” tornando o corpo firme e flexível; ampliar a visão cultivando a contemplação atenta dos próprios pensamentos, discernindo o que é realidade do que é ilusão.
Praticar uma nova percepção, ampliando a capacidade de escutar o real significado das expressões do outro, nos leva a outro patamar de compreensão, a escolhas mais conscientes, a fazer o melhor uso de nossa própria energia. Esta direção, rumo a um estado de integridade, com presença de espírito e segurança para lidar com equilíbrio nas diversas situações, começa pela decisão de cada um. Todos são dotados de infinita sabedoria interna, criatividade e capacidade de reflexão que podem ser revelados para transformar sua realidade.
É preciso ter disposição - um verdadeiro protagonismo individual -, para remover os obstáculos à clara percepção, que são a causa básica das perturbações. O grande prêmio a ser usufruído é a auto-realização – sensação constante de integração, liberdade, paz e felicidade.


16 janeiro 2009

Sustentabilidade de quem?

A ignorância humana (o “não-saber”), calcada na ilusão da fragmentação, da separação da parte do todo, é a raiz de todos os problemas que nós mortais enfrentamos e nos empurra para uma situação cada vez mais insustentável. É o berço da miséria, da guerra e da destruição do ambiente. Catalisada pela arrogância e pela ganância, coloca em risco a sobrevivência de todo o ecossistema do qual nossa espécie, contrariando o que aprendemos na escola, é parte (inter)dependente.

Enquanto persistir a incapacidade do Homem de se perceber como parte de um sistema maior, que tece a teia da vida por meio da lei da ação e reação, não haverá solução.


A Humanidade está diante do ponto de mutação, da inevitável escolha entre o renascimento e a autodestruição. E parece não se perceber o sentido de urgência. Este parto depende da ampliação da consciência individual em escala global. Mudar a forma de pensar e de agir em todos os âmbitos. Certamente isto inclui uma nova forma de produzir, de consumir, de transitar. Gerar um sistema econômico e de trabalho que cuide de nosso bem estar físico, mental e emocional, bem como da qualidade de nossa interação social e com o ambiente a que pertencemos, base para que possa haver felicidade e perenidade. Que vida queremos viver? Para que? E até quando?

A magnitude da mudança desafia a própria natureza humana. Trata-se de superarmos a ilusão da fragmentação, e seu maior sintoma - o egoísmo cronico que caracteriza a época atual. Autoconhecimento para compreender e desenvolver o potencial humano em toda a sua magnitude. Resgatar a nossa essência. Somos somente um monte de carne dedicada a fazer dinheiro e a satisfazer necessidades fisiológicas básicas? Reconciliar a ciência com a religião. Ir além do materialismo. Somente como parte integrante do todo é que poderemos gerar um sentido de participação coletiva na construção e manutenção do novo modelo.


E a responsabilidade, é de quem? Dos governos? Das empresas, dos mercados? Qualquer forma de organização é feita por pessoas, algo óbvio mas constantemente esquecido. Ou melhor, ignorado. Carecemos de lideranças que possam ventilar a nova visão aos quatro ventos, e mobilizar as massas. Afinal, a
Terra continuará a sua jornada de bilhares de ano, a despeito de nossa ignorância. Somente mudando o humano mudaremos o mundo. E para isso, precisamos desenvolver a nós mesmos.