26 maio 2009

Emergencia da economia de baixo carbono??

Compartilho reflexões instigadas pela leitura de artigo de Ricardo Young, postado hj diretamente da cúpula empresarial de mudanças climáticas que acontece em Copenhage, Dinamarca (integra:
http://institutoethos.blogspot.com/2009/05/direto-de-copenhague-ricardo-young.html)

É interessante observar que na última década a comunidade empresarial puxou o coro dos socialmente responsáveis e desfilou as suas propostas de projetos verdes, e muita pedra foi jogada nos governos, antes atrasados e posicionados à margem da discussão. Agora, mesmo com esta reunião de 700 CEOS (!!) para discutir o papel das empresas na redução das emissões de carbono, parece que começar a haver uma inversão nesta dinâmica, a medida em que o tema entra com peso na agenda política de nações como os EUA, sob a liderança de Obama, sob o coro de pesos como Ban-ki-moon e Al Gore. As empresas estão diante de um questionamento público cada vez maior quanto à relevância das ações que vêm empreendendo até o aqui, e se vêem forçadas a fazer o que tem que ser de fato feito - a lição de casa, cuidar dos seus impactos e da qualidade das relações que estabelece com a sociedade.
As últimas medidas anunciadas pelo presidente americano (em relação a política energética) deflagram um movimento audacioso como deve ser, pois a crise de valores do mundo atual já engloba todos os aspectos possíveis, do economico ao social e a inegável degradação ambiental. Em Copenhage, pretende-se firmar uma espécie de "marco-zero da nova economia", baseada num modelo de "baixas emissões de carbono", colocando na agenda das empresas prioridades como a eco-eficiência, o uso de energias renováveis e a redução das emissões de gazes causadores do efeito estufa. É bom que seja assim, pois do jeito que caminha o mundo, o aquecimento global e as decorrentes mudanças climáticas já são sentidas e vão afetar ainda mais a todos, desde os mais pobres (que injustamente são os que mais sofrem os seus afeitos), até fritar o caixa das próprias empresas e a cabeça de seus líderes, pois já adentramos numa nova dinâmica universal aonde "se não tiver para cada cada um, também não vai ter para nenhum", como diz aquela música....
Fica no ar uma bruma de esperança, de que o mundo corporativo passará a se empenhar de fato para cumprir com o seu papel de agente econômico promotor do desenvolvimento, atuando de acordo com políticas e modos de extração de matérias-primas, de produção e de pós-consumo que possam ser sustentadas ao longo das gerações, de criação de valor real, isto é, geração de renda para colaboradores e pessoas que habitam as comunidades impactadas por suas operações, em detrimento de formas exploratórias e destrutivas que visam unicamente à sustentação de lucros crescentes para os acionistas, e que, mais cedo ou mais tarde, cairão por terra, como a crise de derivativos já nos mostrou. Mas enquanto a motivação for meramente econômica, sempre haverá uma busca por "brexas"...
Na semana passada estive no Forum de Comunicação e Sustentabilidade, e o sábio e cativante Mohan Munasinghe (Vice Presidente do IPCC e Prémio Nobel da Paz de 2007) apresentou um amplo painel onde não fica dúvida - já temos o know how, as pessoas e os recursos necessários para produzir e consumir de forma diferente, e para enfrentar as mudanças climáticas. Mas para isso é preciso muita disposição para combater a hipocrisia e pensar no coletivo, criando formas de adaptação para os países pobres e estratégias de mitigação pelos países ricos. Encarar que o mundo já é regido pela interconectividade, e que sem ética e responsabilidade (habilidade de resposta) não tem salvação. Então, mesmo assim a nuvem negra no horizonte paira, quando se observa a qualidade da discussão entre empresários. Se Ricardo Young a define como "sofrível", ainda temos muito a temer e vemos que sem um salto de consciencia na mente das lideranças que detém o poder econômico, os avanços serão pequenos. Mas esse salto é pra lá de profundo, e como dar esse salto então, nem se fala......é discussão para uma nova postagem, pois falar sobre desenvolvimento humano integral, como dizia a minha avó, "dá pano pra manga".....

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