16 janeiro 2009

Sustentabilidade de quem?

A ignorância humana (o “não-saber”), calcada na ilusão da fragmentação, da separação da parte do todo, é a raiz de todos os problemas que nós mortais enfrentamos e nos empurra para uma situação cada vez mais insustentável. É o berço da miséria, da guerra e da destruição do ambiente. Catalisada pela arrogância e pela ganância, coloca em risco a sobrevivência de todo o ecossistema do qual nossa espécie, contrariando o que aprendemos na escola, é parte (inter)dependente.

Enquanto persistir a incapacidade do Homem de se perceber como parte de um sistema maior, que tece a teia da vida por meio da lei da ação e reação, não haverá solução.


A Humanidade está diante do ponto de mutação, da inevitável escolha entre o renascimento e a autodestruição. E parece não se perceber o sentido de urgência. Este parto depende da ampliação da consciência individual em escala global. Mudar a forma de pensar e de agir em todos os âmbitos. Certamente isto inclui uma nova forma de produzir, de consumir, de transitar. Gerar um sistema econômico e de trabalho que cuide de nosso bem estar físico, mental e emocional, bem como da qualidade de nossa interação social e com o ambiente a que pertencemos, base para que possa haver felicidade e perenidade. Que vida queremos viver? Para que? E até quando?

A magnitude da mudança desafia a própria natureza humana. Trata-se de superarmos a ilusão da fragmentação, e seu maior sintoma - o egoísmo cronico que caracteriza a época atual. Autoconhecimento para compreender e desenvolver o potencial humano em toda a sua magnitude. Resgatar a nossa essência. Somos somente um monte de carne dedicada a fazer dinheiro e a satisfazer necessidades fisiológicas básicas? Reconciliar a ciência com a religião. Ir além do materialismo. Somente como parte integrante do todo é que poderemos gerar um sentido de participação coletiva na construção e manutenção do novo modelo.


E a responsabilidade, é de quem? Dos governos? Das empresas, dos mercados? Qualquer forma de organização é feita por pessoas, algo óbvio mas constantemente esquecido. Ou melhor, ignorado. Carecemos de lideranças que possam ventilar a nova visão aos quatro ventos, e mobilizar as massas. Afinal, a
Terra continuará a sua jornada de bilhares de ano, a despeito de nossa ignorância. Somente mudando o humano mudaremos o mundo. E para isso, precisamos desenvolver a nós mesmos.


Um comentário:

  1. É muito bom ler reflexões como estas num espaço aberto e disponível a qualquer pessoa interessada. De todas os pensamentos instigantes que a Clarissa compartilha conosco, os que me atingem mais fortemente são os que falam da superação de tendências naturais e sentimentos corriqueiros, em direção ao autoconhecimento, resgate da essência, integração ao todo. Penso que é importante contar como estamos tentando fazer essas coisas tão difíceis. E que é muito interessante ouvir como outras pessoas estão conseguindo. Vou pensar sobre o que quero contar e volto aqui em breve. Parabéns, Clarissa, sua iniciativa é muito linda e benvinda.

    ResponderExcluir