18 março 2013

Trabalhar 12 h não prejudica só a vida pessoal e a saúde, mas também as empresas


Bastante interessante este artigo publicado no NYT. Enfim, um pouco mais de razoabilidade começa a emergir no mundo corporativo. Boa leitura!

"O sábio chinês Lao-tse escreveu há 2.500 anos: "Aquele que se apega ao trabalho não cria nada que perdure. Se quiser viver segundo o Tao, faça seu trabalho e depois se afaste dele."
Mas isso é mais fácil de dizer do que fazer. Os chineses da antiguidade não tinham a internet nem as atualizações instantâneas das Bolsas de Valores.
Considere a história de Erin Callan, que era executiva-financeira-chefe da Lehman Brothers na época em que a empresa desabou, em 2008. Callan escreveu no "New York Times" que sua dedicação incansável e as horas incontáveis que passava no trabalho a deixaram praticamente sem vida pessoal, com um casamento que não demoraria a ir por água abaixo. "Quando deixei meu emprego, isso me deixou arrasada", escreveu. "Eu não sabia valorizar quem eu era, em oposição ao que eu fazia."
Callan e muitas outras pessoas como ela talvez se sintam reconfortadas com descobertas que indicam que a maneira mais eficiente de realizar coisas talvez seja passar mais tempo fazendo menos.
"A renovação estratégica --que inclui fazer exercícios físicos durante o dia, tirar sonecas curtas à tarde, passar mais horas dormindo, passar mais tempo longe do escritório e tirar férias mais longas e frequentes-- resulta em melhorias na produtividade, na performance no trabalho e, é claro, na saúde", escreveu no "NYT" o consultor de administração do tempo Tony Schwartz.
Parece contraintuitivo. Impérios foram erguidos sobre a ideia de que "mais é mais", correto? O lema de que "menos é mais" não seria próprio de arquitetos minimalistas e pessoas preguiçosas?
Schwartz e muitos outros discordam. O consultor observa que trabalhar demais, algo que frequentemente tem como consequência dormir de menos, prejudica não apenas os profissionais, mas também as empresas para as quais eles trabalham.
Um estudo recente da Universidade Harvard concluiu que trabalhadores que não dormem o suficiente custam a empresas americanas US$ 63,2 bilhões por ano em produtividade perdida. Outro estudo concluiu que sonecas aumentam a produtividade no trabalho.
Outro estudo, este da Universidade Florida State, constatou que as pessoas de performance mais alta --atores, atletas e músicos de elite-- tendem a trabalhar melhor em períodos de 90 minutos, raramente mais que três vezes por dia, separados por intervalos regulares. O dia de trabalho de 12 horas ininterruptas diárias não é uma opção sensata.
Os atletas de alto nível, cujos corpos precisam de longos períodos de descanso, sabem disso há muito tempo. Mas essa máxima não se aplica apenas a eles.
Um estudo feito com três grupos de mulheres na faixa dos 60 aos 74 anos de idade que se exercitavam respectivamente duas, quatro e seis vezes por semana constatou que mulheres dos três grupos tiveram quase os mesmos benefícios físicos, mas aquelas que se exercitavam seis vezes por semana sofreram mais fadiga e eram menos ativas de maneira geral.
Tudo isso soa como lições da era moderna, mas não é de hoje que são lançados avisos contra o excesso de atividade.
Erin Callan parece ter enxergado a luz taoista: "Eu não precisava ficar atenta ao meu BlackBerry de manhã até a última hora da noite. Não precisava fazer a maioria de minhas refeições à mesa do trabalho. Não precisava varar a noite num avião para uma reunião na Europa no dia do meu aniversário. Hoje acredito que eu poderia ter chegado a uma posição semelhante tendo uma versão um pouco melhor de uma vida pessoal. Não sem sacrifícios, mas com um pouco mais harmonia."

Fonte: PETER CATAPANO - DO "NEW YORK TIMES" para Folha on line.

17 março 2013

Aspiração, ganho de consciência e auto realização.


Este texto é inspirado em palestra ministrada pelo professor Govinda Satchidananda, durante  Iniciação em III Nível de Kriya Yoga em nov./2012 na Fazenda Gaia, São Francisco Xavier/SP.

Em certo ponto da vida, podemos deixar de querer a oscilação de uma vida comum, ordinária, e buscar algo “maior”, a perfeição e o desenvolvimento de nosso pleno potencial.  Nossa alma, nosso “Eu” mais profundo, tende à direção do amor, da sabedoria e do Self verdadeiro.  A aspiração aparece como um forte chamado interno, de que não se pode fugir ou deixar de notar. Esse é o “chamado” para superar as crises do ego. São as próprias experiências da vida que nos empurram para isso, é um movimento ascendente da consciência.

Podemos fortalecer nosso intelecto por meio do estudo e cultivar a apreciação direta do amor na natureza, nos bebês e em outras formas que nos permitem ir além da natureza humana.  A aspiração, portanto, é a força, o impulso da alma que leva a vida ao desenvolvimento espiritual.  Adentrar este processo envolve ser honesto com nossas compreensões e ter coragem para encarar o medo da mudança.

Autodesenvolvimento e Auto Realização

O corpo vital (parte sutil de nosso ser, que é a fonte das emoções) está sempre buscando algo novo e a felicidade duradoura em coisas que não duram. Mesmo nos momentos felizes da vida, há o medo que acabe. 

Como superar o sofrimento? 
A vida é cheia de experiências que envolvem sofrimento: família, doenças, relações, expectativas frustradas. De uma forma ou de outras, sempre buscamos distrações, maneiras de evitar o tédio (que é uma forma de sofrimento), mesmo que isso signifique agarrar-se a situações ou pontos de vista conflituosos.

Conhecer as fontes do sofrimento e de felicidade é sabedoria. A prática de tradições milenares como a Kriya Yoga tem por objetivo mudar nossa perspectiva do “ego”  -  noção de “eu”, “meu” que governa meus desejos e necessidades, gostos e preferências e que está sempre identificado com seus altos e baixos, para a perspectiva da testemunha - o “Eu” interior que pode observar o que acontece quando a mente está calma e quieta.  
Por isso, desenvolver a calma é o primeiro passo num processo de autodesenvolvimento.

Há cinco manifestações principais do ego:

1.       Desejo: é a imaginação que algo (que não está presente) é necessário para que estejamos bem.  A aversão é a noção de “não gosto”. Gostar e não gostar é a maior das fontes de sofrimento. Quem deseja isso? Quem gosta / não gosta disso? Por meio desta reflexão podemos perceber as preferencias do ego.

Tudo é muito temporário. Qual a parte de mim que nunca muda? Este (a) sou Eu. Os desejos perdem a força com a luz da consciência. 
É interessante fazer uma lista dos seus maiores desejos e ver o que está guiando sua vida no momento.

2.       Raiva: emerge quando os desejos são frustrados (não realizados).

3.       Ganancia: querer mais para você do que para os outros.

4.       Orgulho: é uma opinião exagerada sobre si mesmo e impulso para a competição.

5.       Inveja e ciúmes: quando nos ressentimos pelo sucesso alheio, quando a felicidade dos outros é vista como um obstáculo ou nos gera amargura.

O principal processo que leva ao autodesenvolvimento e consequente auto realização (ao longo do tempo e das práticas) envolve cultivar a equanimidade:
  •          Quando vai bem, evitar a euforia.
  •          Quando vai mal, evitar a depressão.

Por que tudo vai passar.

Todas as experiências na vida servem para desenvolver equanimidade e amor, requisitos essenciais para a auto realização.

No próximo artigo vamos abordar dicas e práticas para desenvolver a equanimidade.