Faz muuito tempo que não escrevo pro blog! Tenho escrito para tantas coisas, mas estar na corporation é assim: ser incorporado de fato, e quanto mais se trabalha, mais trabalho aparece, num insaciável movimento por mais e mais que vem de todos os lados.
Na minha trajetória pelo mundo da tal "responsabilidade corporativa" sempre tive a causa da reciclagem como a preferida, é uma causa de alma, pois realmente vejo na reciclagem a solução para os grandes desafios da sustentabilidade corporativa, ou pelo menos boa parte deles. Trabalhar este tema permite atuar na macro estrutura da coisa, puxando toda uma cadeia de valor, mexendo desde a substituição de matérias-primas tradicionais por outras mais sustentáveis (e assim gerando produtos mais viáveis para o ambiente), passando pela ecoeficiencia (via revisão de tecnologias e processos, para que se produza de forma mais limpa), passando pela educação corporativa (formando os líderes de hoje, que têm nas mãos a responsabilidade de definir como vai ser o mundo a partir de agora), educação ambiental do consumidor (todo mundo precisa saber escolher o que está comprando, e os impactos dessas escolhas), isso sem falar do incentivo à economia solidária (gerando renda para quem mais precisa sair da probreza), da interação com o poder público (melhor não comentar!!), entidades (aja corporativismo) e ONGs(o que seria do mundo sem elas??). Lidar com tudo isso é inerente a projetos estruturais nesta área.
Ufa, isso é um pouco do que tenho feito, antre otras cositas mais. Para quem queria lutar pela reciclagem, ter a oportunidade de trabalhar numa das maiores produtoras de embalagens do mundo (agora se tornou a maior...) é o desafio de sair do discurso e ir para a prática mesmo. É como pedir uma "ponta", mas receber o papel principal. Uia. Sem historinha. É toda a teoria na prática. E eu que pensei que dar conultoria era muita responsa.....e é, com todo o respeito aos meus colegas e a minha origem! Mas nada se compara a estar no cockpit, e fazer ao vivo, dançando conforme a música. Esqueça controle. Aqui negociação é 120%.
Esta tem sido uma experiência muito enriquecedora, uma grande viagem antropológica. Depois de longos anos de verdadeira lapidação espiritual, hoje é um outro olhar, impossível não analisar tudo o que se passa do ponto de vista do desenvolvimento humano e das relações humanas, e felizmente com mais ferramentas e preparo - em todos os sentidos - para lidar com as triturações. Estou num momento que olho o meu passado e vejo tudo como um grande treinament. É tão bom ver que nada foi em vão, e que cada gota de suor ou lágrima valeu a pena. Acho que para quem está no meio do oceano, ter um barco, ainda que sem remo, ao invés de ser gota d'agua, já é meio caminho andado. Eu sinto a emergência de uma nova consciência, uma onda sutil que vibra no ar e que aflora das mais diversas formas, no olhar, no pensar e no agir de muitos, e tudo isso convive com o medo e a resistência dos que ainda não despertaram e ainda não se aprontaram para a grande virada, que não querem ver, mas que avistam cada vez mais o limite e, no fundo, sabem ser inescapável chegar ao ponto da mutação, o pulo para o desconhecido. Mas ainda preferem achar que tudo não passa de movimento de mercado, pois assim dá para lidar com essa nova estratégia empresarial. Como fala o Macaco Simão, "tucanizaram a sustentabilidade"...
No duro, todos precisam se proteger de alguma forma. Abrir o peito e se entregar é para poucos. Por isso a fé não pode faltar. Aonde houver um feixe de luz, por mínimo que seja, se acaba a escuridão. E assim vamos fazendo, fazendo, pois fazer é a nossa parte, mas a nós não pertence o resultado das nossas ações. É preciso muita fé e desapego para viver nos dias de hoje.
Desenvolvimento humano, sustentabilidade, formação de novas lideranças, nova consciência e transformação global.
04 fevereiro 2010
24 agosto 2009
Descartaveis
"Tenho um porta-lápis lotado de canetas promocionais que ganho em eventos. Quando acabam, vão para o lixo. É assim desde que eu era criança, com as inúmeras canetas esferográficas. Ao final de cada ano, um estojo de canetinhas hidrográficas ia para o lixo.Canetas de plástico são embalagens para a tinta, que é o que usamos para escrever. Assim como as centenas de copos plásticos de iogurte ou requeijão que devo ter jogado fora ao longo da minha vida. Mas e o que dizer de certos aparelhos de barbear que não permitem que você troque as lâminas? Uma vez perdido o corte, o destino é o lixo. Ou ainda, dos copos plásticos? Porque neste caso não se trata da embalagem. Trata-se do produto em si.Quando o hábito era comprar tecido para se fazer a roupa, o corte era sempre mais clássico, pois ela tinha que durar mais. Atualmente, a modinha acessível das lojas da José Paulino ou do Brás, aqui em São Paulo, permite o descarte das peças tão logo a estação tenha acabado. Sei de quem compra meias e as joga fora quando ficam sujas, pois seu custo é tão baixo que permite descartar (perdão pelo trocadilho infame) a etapa de lavagem do produto.Esse fenômeno não é muito diferente do que acontece com celulares: cada vez que sou obrigada a trocar meu celular porque já não vendem mais bateria para o modelo que eu tenho, me deparo com um modelo que dura menos que o anterior. Agora há pouco estava conversando com uma pessoa que tem um computador de 2003 – exatos seis anos de vida útil – e que já se tornou obsoleto para rodar programas mais pesados: descobri que é mais caro trocar uma única peça, o processador, do que comprar um aparelho novo (e fazer o quê com o velho? Jogar fora!).Traduzindo: consumismo não é só uma atitude individual ou um estilo de vida. Tampouco é algo restrito às classes sociais mais altas. Consumismo é resultado da falta de opções não descartáveis. Alimentos, que há algumas décadas eram vendidos a granel, muitas vezes em embalagens retornáveis, hoje só estão disponíveis em algum tipo de invólucro plástico descartável. Em muitos casos, a opção não descartável implica em uma significativa diferença de preço. Ou você conhece alguma caneta tinteiro que custe barato? Em outros casos, sua vida útil é restrita: qualquer consumidora de Natura sabe que de tempos em tempos o tamanho do refil dos cremes muda para que eles não se encaixem nas embalagens antigas, levando a uma nova compra.Sim, é óbvio que a prevalência dos produtos descartáveis visa aumentar vendas. Para tanto, vale-se da comodidade que esses itens oferecem. E viceja graças à simbiose em que mercado e psicologia coletiva se unem para cultuar a juventude e sua áurea, não necessariamente verdadeira, de liberdade, diversão e falta de responsabilidade. Afinal, o novo é sempre e necessariamente melhor que o velho, certo? Basta pegar as duas palavras – novo e velho – fora de contexto. Fale-as em voz alta. Que valores e imagens uma evoca? E a outra?Como envelhecimento é um processo inevitável que atinge a todos nós, vale a pena rever os conceitos. Afinal, ninguém gosta de se sentir “velho” na maneira como o termo é sentido hoje. Mas também não dá para fingir que se é jovem: basta olhar para a Donatella Versace e ver o desastre que resulta dessa postura. Precisamos ressignificar “novo” e “velho”. E isso passa obrigatoriamente por mim e por você. Não como um processo de culpa (oh, meu Deus, meu banho está colocando em risco a vida do planeta!!!), mas de realização pelo simples prazer de conservar algo que nos é caro (para quem não sabe, essa palavra vem de cordis, que significa coração em latim). Prazer de preservar uma roupa bonita. Ou um celular no qual tivemos tantas conversas importantes. Ou ainda uma caneta com a qual deixamos nossa assinatura ao longo da vida. Preservar relações com pessoas queridas. E, principalmente, preservar a auto-estima mesmo diante da flacidez, da barriga e dos fios brancos.Eu quero consumir. Eu gosto de consumir. Mas eu gosto de mim e, por isso, quero coisas boas. E as coisas boas, a gente não joga fora. "
Fonte: http://ascendidamente.blogspot.com/2009/08/descartaveis.html
Fonte: http://ascendidamente.blogspot.com/2009/08/descartaveis.html
26 maio 2009
Emergencia da economia de baixo carbono??
Compartilho reflexões instigadas pela leitura de artigo de Ricardo Young, postado hj diretamente da cúpula empresarial de mudanças climáticas que acontece em Copenhage, Dinamarca (integra:
http://institutoethos.blogspot.com/2009/05/direto-de-copenhague-ricardo-young.html)
É interessante observar que na última década a comunidade empresarial puxou o coro dos socialmente responsáveis e desfilou as suas propostas de projetos verdes, e muita pedra foi jogada nos governos, antes atrasados e posicionados à margem da discussão. Agora, mesmo com esta reunião de 700 CEOS (!!) para discutir o papel das empresas na redução das emissões de carbono, parece que começar a haver uma inversão nesta dinâmica, a medida em que o tema entra com peso na agenda política de nações como os EUA, sob a liderança de Obama, sob o coro de pesos como Ban-ki-moon e Al Gore. As empresas estão diante de um questionamento público cada vez maior quanto à relevância das ações que vêm empreendendo até o aqui, e se vêem forçadas a fazer o que tem que ser de fato feito - a lição de casa, cuidar dos seus impactos e da qualidade das relações que estabelece com a sociedade.
As últimas medidas anunciadas pelo presidente americano (em relação a política energética) deflagram um movimento audacioso como deve ser, pois a crise de valores do mundo atual já engloba todos os aspectos possíveis, do economico ao social e a inegável degradação ambiental. Em Copenhage, pretende-se firmar uma espécie de "marco-zero da nova economia", baseada num modelo de "baixas emissões de carbono", colocando na agenda das empresas prioridades como a eco-eficiência, o uso de energias renováveis e a redução das emissões de gazes causadores do efeito estufa. É bom que seja assim, pois do jeito que caminha o mundo, o aquecimento global e as decorrentes mudanças climáticas já são sentidas e vão afetar ainda mais a todos, desde os mais pobres (que injustamente são os que mais sofrem os seus afeitos), até fritar o caixa das próprias empresas e a cabeça de seus líderes, pois já adentramos numa nova dinâmica universal aonde "se não tiver para cada cada um, também não vai ter para nenhum", como diz aquela música....
Fica no ar uma bruma de esperança, de que o mundo corporativo passará a se empenhar de fato para cumprir com o seu papel de agente econômico promotor do desenvolvimento, atuando de acordo com políticas e modos de extração de matérias-primas, de produção e de pós-consumo que possam ser sustentadas ao longo das gerações, de criação de valor real, isto é, geração de renda para colaboradores e pessoas que habitam as comunidades impactadas por suas operações, em detrimento de formas exploratórias e destrutivas que visam unicamente à sustentação de lucros crescentes para os acionistas, e que, mais cedo ou mais tarde, cairão por terra, como a crise de derivativos já nos mostrou. Mas enquanto a motivação for meramente econômica, sempre haverá uma busca por "brexas"...
Na semana passada estive no Forum de Comunicação e Sustentabilidade, e o sábio e cativante Mohan Munasinghe (Vice Presidente do IPCC e Prémio Nobel da Paz de 2007) apresentou um amplo painel onde não fica dúvida - já temos o know how, as pessoas e os recursos necessários para produzir e consumir de forma diferente, e para enfrentar as mudanças climáticas. Mas para isso é preciso muita disposição para combater a hipocrisia e pensar no coletivo, criando formas de adaptação para os países pobres e estratégias de mitigação pelos países ricos. Encarar que o mundo já é regido pela interconectividade, e que sem ética e responsabilidade (habilidade de resposta) não tem salvação. Então, mesmo assim a nuvem negra no horizonte paira, quando se observa a qualidade da discussão entre empresários. Se Ricardo Young a define como "sofrível", ainda temos muito a temer e vemos que sem um salto de consciencia na mente das lideranças que detém o poder econômico, os avanços serão pequenos. Mas esse salto é pra lá de profundo, e como dar esse salto então, nem se fala......é discussão para uma nova postagem, pois falar sobre desenvolvimento humano integral, como dizia a minha avó, "dá pano pra manga".....
http://institutoethos.blogspot.com/2009/05/direto-de-copenhague-ricardo-young.html)
É interessante observar que na última década a comunidade empresarial puxou o coro dos socialmente responsáveis e desfilou as suas propostas de projetos verdes, e muita pedra foi jogada nos governos, antes atrasados e posicionados à margem da discussão. Agora, mesmo com esta reunião de 700 CEOS (!!) para discutir o papel das empresas na redução das emissões de carbono, parece que começar a haver uma inversão nesta dinâmica, a medida em que o tema entra com peso na agenda política de nações como os EUA, sob a liderança de Obama, sob o coro de pesos como Ban-ki-moon e Al Gore. As empresas estão diante de um questionamento público cada vez maior quanto à relevância das ações que vêm empreendendo até o aqui, e se vêem forçadas a fazer o que tem que ser de fato feito - a lição de casa, cuidar dos seus impactos e da qualidade das relações que estabelece com a sociedade.
As últimas medidas anunciadas pelo presidente americano (em relação a política energética) deflagram um movimento audacioso como deve ser, pois a crise de valores do mundo atual já engloba todos os aspectos possíveis, do economico ao social e a inegável degradação ambiental. Em Copenhage, pretende-se firmar uma espécie de "marco-zero da nova economia", baseada num modelo de "baixas emissões de carbono", colocando na agenda das empresas prioridades como a eco-eficiência, o uso de energias renováveis e a redução das emissões de gazes causadores do efeito estufa. É bom que seja assim, pois do jeito que caminha o mundo, o aquecimento global e as decorrentes mudanças climáticas já são sentidas e vão afetar ainda mais a todos, desde os mais pobres (que injustamente são os que mais sofrem os seus afeitos), até fritar o caixa das próprias empresas e a cabeça de seus líderes, pois já adentramos numa nova dinâmica universal aonde "se não tiver para cada cada um, também não vai ter para nenhum", como diz aquela música....
Fica no ar uma bruma de esperança, de que o mundo corporativo passará a se empenhar de fato para cumprir com o seu papel de agente econômico promotor do desenvolvimento, atuando de acordo com políticas e modos de extração de matérias-primas, de produção e de pós-consumo que possam ser sustentadas ao longo das gerações, de criação de valor real, isto é, geração de renda para colaboradores e pessoas que habitam as comunidades impactadas por suas operações, em detrimento de formas exploratórias e destrutivas que visam unicamente à sustentação de lucros crescentes para os acionistas, e que, mais cedo ou mais tarde, cairão por terra, como a crise de derivativos já nos mostrou. Mas enquanto a motivação for meramente econômica, sempre haverá uma busca por "brexas"...
Na semana passada estive no Forum de Comunicação e Sustentabilidade, e o sábio e cativante Mohan Munasinghe (Vice Presidente do IPCC e Prémio Nobel da Paz de 2007) apresentou um amplo painel onde não fica dúvida - já temos o know how, as pessoas e os recursos necessários para produzir e consumir de forma diferente, e para enfrentar as mudanças climáticas. Mas para isso é preciso muita disposição para combater a hipocrisia e pensar no coletivo, criando formas de adaptação para os países pobres e estratégias de mitigação pelos países ricos. Encarar que o mundo já é regido pela interconectividade, e que sem ética e responsabilidade (habilidade de resposta) não tem salvação. Então, mesmo assim a nuvem negra no horizonte paira, quando se observa a qualidade da discussão entre empresários. Se Ricardo Young a define como "sofrível", ainda temos muito a temer e vemos que sem um salto de consciencia na mente das lideranças que detém o poder econômico, os avanços serão pequenos. Mas esse salto é pra lá de profundo, e como dar esse salto então, nem se fala......é discussão para uma nova postagem, pois falar sobre desenvolvimento humano integral, como dizia a minha avó, "dá pano pra manga".....
14 maio 2009
Como alcançar uma visão mundiocêntrica?
Um dos assuntos que mais me instiga e inspira há tempos é a importância do desenvolvimento integral das pessoas - aquele capaz de atender ao seu aprimoramento no plano fisico, mental e espiritual para o alcance da sistentabilidade global.
Vejo que essa é a questão central e indispensável para que um dia a humanidade possa entrar num sistema de colaboração que permirá realizar as mudanças necessárias rumo a um modelo sustentável de desenvolvimento. Todas as formas de diagnóstico já foram feitas e já se sabe que o mundo dispõe de conhecimento (teórico, técnico, científico) e de recursos (humanos, financeiros, etc) para mudar o que tem que ser mudado. Ou, pelo menos, para alavancar um processo consistente neste sentido. O grande impedimento é de ordem espiritual (entendida como aqui uma forma muito ampliada da "moral"), que pauta seus reflexos no mental, e daí decorre nas formas de interações sociais e com o ambiente. Pois, como as pessoas hoje não se identificam o próprio espírito - a grande maioria atua no mundo com um apanhado de carne e cérebro que luta por possuir somente a matéria, e sob uma perspectiva totalmente egocentrica (o "eu" no centro de tudo, o "meu" interesse primeiro). Nesta perspectiva fica de fato impossível olhar o mundo sob a perspectiva mundiocentrica sob a qual o Ser passa a se identificar com o todo e então, a favor do todo pauta as suas ações. E esta transmigração no olhar não é algo que se possa controlar pela razão. Trata-se de lente sob a qual cada um vê o mundo. Somente o desenvolvimento espiritual, a amergencia de uma nova consciencia no sentido mais amplo da palavra, é capaz de dar conta de transformar as pessoas de dentro para fora, e numa escala global, transformar toda a sociedade.
O texto abaixo, oriundo da Comunida Bahá'í, discorre que forma profunda e ao mesmo sintética sobre o tema, e com muita satisfação compartilho com vcs:
"O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O ESPÍRITO HUMANO
Adaptação da declaração apresentada à Cúpula da Terra
(Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento)
Rio de Janeiro, Brasil.
Acima de questões técnicas e políticas tais como os limites a serem estabelecidos para a emissão de gases do efeito estufa, como promover o desenvolvimento sustentável, e quem pagará a conta, a pergunta fundamental com que se defronta a comunidade mundial é esta: Pode a humanidade, com seus padrões arraigados de conflito, egoísmo e conduta tacanha, comprometer-se com uma cooperação esclarecida e com um planejamento de longo prazo em escala global?
O processo da Cúpula da Terra realçou tanto a complexidade como a interdependência dos problemas que a humanidade enfrenta. Nenhum desses problemas - as iniquidades debilitadoras do desenvolvimento, as ameaças apocalípticas do aquecimento atmosférico e da destruição da camada de ozônio, a opressão da mulher, o abandono de crianças e poulações marginalizadas, para citar apenas alguns - pode ser abordado com realismo sem que se considerem todos os demais. É impossível solucionar qualquer um deles sem uma magnitude de cooperação e coordenação em todos os níveis que ultrapassa em muito qualquer esforço anterior da experiência coletiva da humanidade.
O potencial para tal cooperação, entretanto, é solapado pela distorção geral do caráter humano. Embora não sejam comumente discutidas no contexto dos desafios do meio ambiente e do desenvolvimento, vigoram no mundo atual certas tendências - que incluem a carência generalizada de disciplina moral, a glorificação da ambição e da acumulação material, a destruição crescente da família e das comunidades, o alastramento da anarquia e da desordem, a ascensão do racismo e do fanatismo, e a atribuição de prioridades a interesse nacionais em detrimento do bem-estar da humanidade - as quais todas, sem excessão , destroem a confiança mútua, alicerce da cooperação.
A reversão dessas tendências destrutivas é essencial para o estabelecimento da unidade e da cooperação. Isso exigirá uma compreensão mais profunda da natureza humana; pois embora a economia, a política, a sociologia e a ciência ofereçam ferramentas importantes para a abordagem das crises interdependentes que afligem a humanidade, uma verdadeira superação do estado de perigo em que se encontram os assuntos humanos só poderá ser levada a efeito quando a dimensão espiritual da natureza humana for levada em conta e o coração humano, transformado.
Embora certos aspectos místicos não sejam fáceis de explicar, a dimensão espiritual da natureza humana pode ser compreendida, em termos práticos, como a fonte das qualidades que transcendem a estreiteza do interesse próprio. Tais qualidades compreendem o amor, a compaixão, a tolerância, a fidedignidade, a coragem, a humildade, a cooperação e a vontade de sacrificar-se pelo bem comum - qualidades de uma cidadania esclarecida, capaz de construir uma civilização mundial unificada.
As transformações profundas e de vasto alcance, a unidade e a cooperação sem precedentes, necessárias à reorientação do mundo rumo a um futuro de justiça e sustentável quanto ao meio ambiente, só serão possíveis tocando-se o espírito humano, apelando-se àqueles valores universais que, por si só, podem capacitar os indivíduos e os povos a agir em conformidade com os interesses de longo prazo do planeta e do gênero humano como um todo. Uma vez explorada, essa fonte poderosa e dinâmica de motivação individual e coletiva liberará um espírito tão profundo e salutar entre os povos da Terra que poder algum será capaz de resistir à sua força unificadora.
A verdade espiritual fundamental da nossa era é a unidade da humanidade. A aceitação universal desse princípio - com suas implicações em relação à justiça social e econômica, à participação universal em processos decisórios insentos de antagonismo, à paz e segurança coletiva, à igualdade dos sexos e à educação universal - possibilitará a reorganização e administração do mundo como um só país, o lar da humanidade. Há mais de cem anos atrás, Bahá’u’lláh conclamou os governantes e povos da terra a tornarem sua visão mundialmente abrangente: "Que não se vanglorie quem ama seu próprio país, mas sim, quem ama o mundo inteiro". Este desafio ainda deve ser atendido."
Fonte: http://www.bahai.org.br/virtual/EmaDes.htm
Bahá’í International Community Office of the Environment 866 United Nations Plaza, suíte 120 New York, NY 10017 USA Tel: 212-756-3500 Fax: 212-756-3573
Vejo que essa é a questão central e indispensável para que um dia a humanidade possa entrar num sistema de colaboração que permirá realizar as mudanças necessárias rumo a um modelo sustentável de desenvolvimento. Todas as formas de diagnóstico já foram feitas e já se sabe que o mundo dispõe de conhecimento (teórico, técnico, científico) e de recursos (humanos, financeiros, etc) para mudar o que tem que ser mudado. Ou, pelo menos, para alavancar um processo consistente neste sentido. O grande impedimento é de ordem espiritual (entendida como aqui uma forma muito ampliada da "moral"), que pauta seus reflexos no mental, e daí decorre nas formas de interações sociais e com o ambiente. Pois, como as pessoas hoje não se identificam o próprio espírito - a grande maioria atua no mundo com um apanhado de carne e cérebro que luta por possuir somente a matéria, e sob uma perspectiva totalmente egocentrica (o "eu" no centro de tudo, o "meu" interesse primeiro). Nesta perspectiva fica de fato impossível olhar o mundo sob a perspectiva mundiocentrica sob a qual o Ser passa a se identificar com o todo e então, a favor do todo pauta as suas ações. E esta transmigração no olhar não é algo que se possa controlar pela razão. Trata-se de lente sob a qual cada um vê o mundo. Somente o desenvolvimento espiritual, a amergencia de uma nova consciencia no sentido mais amplo da palavra, é capaz de dar conta de transformar as pessoas de dentro para fora, e numa escala global, transformar toda a sociedade.
O texto abaixo, oriundo da Comunida Bahá'í, discorre que forma profunda e ao mesmo sintética sobre o tema, e com muita satisfação compartilho com vcs:
"O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O ESPÍRITO HUMANO
Adaptação da declaração apresentada à Cúpula da Terra
(Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento)
Rio de Janeiro, Brasil.
Acima de questões técnicas e políticas tais como os limites a serem estabelecidos para a emissão de gases do efeito estufa, como promover o desenvolvimento sustentável, e quem pagará a conta, a pergunta fundamental com que se defronta a comunidade mundial é esta: Pode a humanidade, com seus padrões arraigados de conflito, egoísmo e conduta tacanha, comprometer-se com uma cooperação esclarecida e com um planejamento de longo prazo em escala global?
O processo da Cúpula da Terra realçou tanto a complexidade como a interdependência dos problemas que a humanidade enfrenta. Nenhum desses problemas - as iniquidades debilitadoras do desenvolvimento, as ameaças apocalípticas do aquecimento atmosférico e da destruição da camada de ozônio, a opressão da mulher, o abandono de crianças e poulações marginalizadas, para citar apenas alguns - pode ser abordado com realismo sem que se considerem todos os demais. É impossível solucionar qualquer um deles sem uma magnitude de cooperação e coordenação em todos os níveis que ultrapassa em muito qualquer esforço anterior da experiência coletiva da humanidade.
O potencial para tal cooperação, entretanto, é solapado pela distorção geral do caráter humano. Embora não sejam comumente discutidas no contexto dos desafios do meio ambiente e do desenvolvimento, vigoram no mundo atual certas tendências - que incluem a carência generalizada de disciplina moral, a glorificação da ambição e da acumulação material, a destruição crescente da família e das comunidades, o alastramento da anarquia e da desordem, a ascensão do racismo e do fanatismo, e a atribuição de prioridades a interesse nacionais em detrimento do bem-estar da humanidade - as quais todas, sem excessão , destroem a confiança mútua, alicerce da cooperação.
A reversão dessas tendências destrutivas é essencial para o estabelecimento da unidade e da cooperação. Isso exigirá uma compreensão mais profunda da natureza humana; pois embora a economia, a política, a sociologia e a ciência ofereçam ferramentas importantes para a abordagem das crises interdependentes que afligem a humanidade, uma verdadeira superação do estado de perigo em que se encontram os assuntos humanos só poderá ser levada a efeito quando a dimensão espiritual da natureza humana for levada em conta e o coração humano, transformado.
Embora certos aspectos místicos não sejam fáceis de explicar, a dimensão espiritual da natureza humana pode ser compreendida, em termos práticos, como a fonte das qualidades que transcendem a estreiteza do interesse próprio. Tais qualidades compreendem o amor, a compaixão, a tolerância, a fidedignidade, a coragem, a humildade, a cooperação e a vontade de sacrificar-se pelo bem comum - qualidades de uma cidadania esclarecida, capaz de construir uma civilização mundial unificada.
As transformações profundas e de vasto alcance, a unidade e a cooperação sem precedentes, necessárias à reorientação do mundo rumo a um futuro de justiça e sustentável quanto ao meio ambiente, só serão possíveis tocando-se o espírito humano, apelando-se àqueles valores universais que, por si só, podem capacitar os indivíduos e os povos a agir em conformidade com os interesses de longo prazo do planeta e do gênero humano como um todo. Uma vez explorada, essa fonte poderosa e dinâmica de motivação individual e coletiva liberará um espírito tão profundo e salutar entre os povos da Terra que poder algum será capaz de resistir à sua força unificadora.
A verdade espiritual fundamental da nossa era é a unidade da humanidade. A aceitação universal desse princípio - com suas implicações em relação à justiça social e econômica, à participação universal em processos decisórios insentos de antagonismo, à paz e segurança coletiva, à igualdade dos sexos e à educação universal - possibilitará a reorganização e administração do mundo como um só país, o lar da humanidade. Há mais de cem anos atrás, Bahá’u’lláh conclamou os governantes e povos da terra a tornarem sua visão mundialmente abrangente: "Que não se vanglorie quem ama seu próprio país, mas sim, quem ama o mundo inteiro". Este desafio ainda deve ser atendido."
Fonte: http://www.bahai.org.br/virtual/EmaDes.htm
Bahá’í International Community Office of the Environment 866 United Nations Plaza, suíte 120 New York, NY 10017 USA Tel: 212-756-3500 Fax: 212-756-3573
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