04 fevereiro 2010

Na prática

Faz muuito tempo que não escrevo pro blog! Tenho escrito para tantas coisas, mas estar na corporation é assim: ser incorporado de fato, e quanto mais se trabalha, mais trabalho aparece, num insaciável movimento por mais e mais que vem de todos os lados.
Na minha trajetória pelo mundo da tal "responsabilidade corporativa" sempre tive a causa da reciclagem como a preferida, é uma causa de alma, pois realmente vejo na reciclagem a solução para os grandes desafios da sustentabilidade corporativa, ou pelo menos boa parte deles. Trabalhar este tema permite atuar na macro estrutura da coisa, puxando toda uma cadeia de valor, mexendo desde a substituição de matérias-primas tradicionais por outras mais sustentáveis (e assim gerando produtos mais viáveis para o ambiente), passando pela ecoeficiencia (via revisão de tecnologias e processos, para que se produza de forma mais limpa), passando pela educação corporativa (formando os líderes de hoje, que têm nas mãos a responsabilidade de definir como vai ser o mundo a partir de agora), educação ambiental do consumidor (todo mundo precisa saber escolher o que está comprando, e os impactos dessas escolhas), isso sem falar do incentivo à economia solidária (gerando renda para quem mais precisa sair da probreza), da interação com o poder público (melhor não comentar!!), entidades (aja corporativismo) e ONGs(o que seria do mundo sem elas??). Lidar com tudo isso é inerente a projetos estruturais nesta área.
Ufa, isso é um pouco do que tenho feito, antre otras cositas mais. Para quem queria lutar pela reciclagem, ter a oportunidade de trabalhar numa das maiores produtoras de embalagens do mundo (agora se tornou a maior...) é o desafio de sair do discurso e ir para a prática mesmo. É como pedir uma "ponta", mas receber o papel principal. Uia. Sem historinha. É toda a teoria na prática. E eu que pensei que dar conultoria era muita responsa.....e é, com todo o respeito aos meus colegas e a minha origem! Mas nada se compara a estar no cockpit, e fazer ao vivo, dançando conforme a música. Esqueça controle. Aqui negociação é 120%.
Esta tem sido uma experiência muito enriquecedora, uma grande viagem antropológica. Depois de longos anos de verdadeira lapidação espiritual, hoje é um outro olhar, impossível não analisar tudo o que se passa do ponto de vista do desenvolvimento humano e das relações humanas, e felizmente com mais ferramentas e preparo - em todos os sentidos - para lidar com as triturações. Estou num momento que olho o meu passado e vejo tudo como um grande treinament. É tão bom ver que nada foi em vão, e que cada gota de suor ou lágrima valeu a pena. Acho que para quem está no meio do oceano, ter um barco, ainda que sem remo, ao invés de ser gota d'agua, já é meio caminho andado. Eu sinto a emergência de uma nova consciência, uma onda sutil que vibra no ar e que aflora das mais diversas formas, no olhar, no pensar e no agir de muitos, e tudo isso convive com o medo e a resistência dos que ainda não despertaram e ainda não se aprontaram para a grande virada, que não querem ver, mas que avistam cada vez mais o limite e, no fundo, sabem ser inescapável chegar ao ponto da mutação, o pulo para o desconhecido. Mas ainda preferem achar que tudo não passa de movimento de mercado, pois assim dá para lidar com essa nova estratégia empresarial. Como fala o Macaco Simão, "tucanizaram a sustentabilidade"...
No duro, todos precisam se proteger de alguma forma. Abrir o peito e se entregar é para poucos. Por isso a fé não pode faltar. Aonde houver um feixe de luz, por mínimo que seja, se acaba a escuridão. E assim vamos fazendo, fazendo, pois fazer é a nossa parte, mas a nós não pertence o resultado das nossas ações. É preciso muita fé e desapego para viver nos dias de hoje.

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