14 setembro 2010

Um bilhão de subnutridos

Segundo um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 925 milhões no mundo vivem em estado de subnutrição. Nos últimos 15 anos o número de pessoas nesta condição inaceitável caiu menos de 10%, e continua girando em torno de 1 bilhão de seres humanos!
Há muito tempo estamos perdendo a batalha contra a fome, a guerra, o terrorismo, a destruição ambiental e todas as outras mazelas que nossa sociedade produz. O mais triste de tudo isso é que não parece haver uma real perspectiva de mudança no curto prazo, pois a humanidade está de fato vivendo num estado de total alienação da realidade e de profunda ignorância em relação a nossa própria qualidade do que é ser humano. O que impera é uma total crise de valores onde falta o mais básico senso de pertencimento a este mundo em que vivemos. É como se todos vivessem aqui, mas não fossem daqui, pois tudo e todos se tratam como entidades isoladas que nada têm haver com os demais. A noção de interdependência e solidariedade está (aparentemente?) perdida e o que se vê é só uma ganância sem fim para ganhar, ganhar, ganhar, enquanto isso todos só tem a perder, perder, perder!
As pessoas simplesmente não se identificam minimamente com o seu semelhante - não é incrível? Pois se não fosse assim, não haveria toda esta desgraça ocorrendo a nossa volta. Tudo isso é fruto da própria ação humana, pois no mundo há recursos e conhecimento suficientes para mudar o curso da coisas. Falta o reconhecimento da espiritualidade, da moralidade, falta amor.
Enquanto não conseguirmos desenvolver uma massa crítica de pessoas espiritualmente conscientes, capazes de reconhecr o mundo como ele de fato é - a nossa casa - e as outras pessoas como membros de uma mesma irmandade (afinal somos ou não somos uma espécie humana?) e portanto agir de acordo com os valores de preservação de nossa gente e de nosso meio, só aumentará a destruição até um ponto de tragédia incalculável, de caos de fato. Pois se não conseguirmos promover as transformações necessárias a tempo, este sistema falido irá ruir de vez. Estamos produzindo uma vida de condenação e sofrimento para a imensa maioria, tá tudo fora do lugar, nem os ricos são de fato felizes. Como podemos resgatar o sentido da vida como uma dádiva e oportunidade de evolução? Não é pelo consumo e pela violência, certamente.
Cada um precisa ter a coragem para olhar dentro de si, em silêncio, e começar a conhecer quem de fato é e para que está nesta vida.
Por fim, faço um apelo para que as empresas parem com essa maquiagem verde ridícula que não engana a mais ninguém - vamos ter um mínimo de vergonha na cara e usar a comunicação para educar as pessoas a fazer o que é certo, ao invés de ficar gastando milhões para se vangloriar de ser a mais sustentável nisso e naquilo. Pois o que é a sustentabilidade senão um estado almejado e ainda não alcançado? Tenhamos antes de tudo humildade para reconhecer que estamos bem encrencados, e vivendo num mundo de crise, apesar dos pontuais progressos econômicos que estão permitindo a quem não consumia, consumir mais. E por melhor empenhadas que estejam determinadas empresas, estamos todos num processo de busca por um modelo mais equilibrado, e ainda longe de alcançá-lo.

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