Apesar o noticiário macabro, a cada dia emergem novas
demonstrações de amor. São tantas pessoas dispostas a agir por uma mudança mais
profunda e, conforme a sensação de caos aumenta, cresce o sentimento de que
“temos que fazer alguma coisa”. Diz-se que a crise é institucional, política,
socioeconômica, ambiental. Realmente, tudo está tão difícil lá fora! Como ainda
podemos sonhar em mudar o mundo? Penso sobre isto todos os dias.
A crise é também familiar e pessoal. Aí nós entramos, pois precisamos
intervir na situação que se apresenta. Em toda a parte, o ser humano se
comporta de maneira monstruosa: a indiferença e o egoísmo imperam nas decisões.
Ao efeito deste conjunto de escolhas mal formuladas chamamos crise.
O que podemos fazer? Em primeiro lugar, sair da apatia e lembrar
que o “outro” é um “outro você”. A maioria das pessoas desconhece a própria
natureza e trata as outras como coisas. A barbaridade invade nossas casas, e
não apenas por meio da “telinha”, mas acompanha cada indivíduo na forma como se
relaciona, com mais ou menos gentileza, diante daqueles que cruzam seu caminho.
De fato, a cultura midiática da violência banaliza tudo e todos,
traz a impressão de que o mundo não tem jeito, e acabamos perdendo a capacidade
de ter compaixão para com o sofrimento. Isso é terrível! Precisamos sair desta
redoma que nos prende no medo. Estamos perdendo nossa humanidade, é dito “normal”
colocar interesses econômicos e individuais acima de tudo. Parece bobo falar disso,
pois até mesmo a vida perdeu valor.
Para descongelar é indispensável resgatar valores femininos
que foram renegados ao longo da História. Aquelas que geram a vida e educam as
crianças ainda são violadas em direitos fundamentais como a liberdade, a
integridade física e moral. A mulher sofre todo tipo de abuso, há séculos, e
não deveria parecer estranho que o mundo esteja assim.
Fala-se em combate à pobreza e em sustentabilidade, mas proteger
de verdade os direitos das mulheres é uma briga que poucos compram. Jamais
haverá sociedade equilibrada, próspera e sustentável enquanto mães e meninas em
todo o mundo forem tratadas como seres de segunda categoria com salários
menores, restrição à educação, exploração, agressão, mutilação e até mesmo
assassinato dentro da própria família.
Muitos homens posicionam-se contra a discriminação da mulher
enquanto perpetuam suas posições superiores. Felizmente, a crise coloca luz em
tudo o que precisa ruir, abrindo caminho para inovações e movimentos
construtivos em prol do empoderamento feminino e do resgate de valores como a
compaixão, a generosidade, a gentileza, a beleza e a colaboração, bases para as
verdadeiras mudanças que queremos ver no mundo.
Embora o sagrado feminino ainda seja combatido, permanece
viva a sabedoria e o poder regenerador da mulher. Aquelas que se mantém
conectadas à essência geram e multiplicam riqueza, relacionam-se com graça e
amorosidade. Elas são inclusivas, buscam sentido na vida e abrem-se para o
autoconhecimento, para descobrir o real propósito da vida. Bata visitar eventos
em torno desta temática e constatar que mais de 80% das pessoas presentes são mulheres!
Elas estão sedentas por sentido e querem gozar uma vida mais
plena de significado, justiça e liberdade. Estão abertas para a lição de casa
fundamental: trabalhar a si mesmas, rever visões e padrões de conduta. Tenho convicção
que a solução para nossos problemas comuns virá pela transformação das próprias
pessoas e que a s saída para a crise é o próprio processo de transformação
global que está em curso.
Para mudar nossa própria vida, que tal cuidarmos melhor das
relações em nossa própria família, trazendo mais tolerância, expurgando a
violência que lá existe? “Cuidar de nossa pequena família para então
influenciar nossa grande família, a sociedade”, diz o sábio Prem Baba.
São muitas as razões que me fazem tão motivada em ajudá-las a
galgar o próximo passo significativo na carreira e nos negócios. Precisamos de jovens
idealistas em ação, mais mulheres em postos de comando e empresárias de negócios
conscientes! A mulher que conquista clareza sobre seu propósito de vida e o
coloca em ação alcança uma vida mais alegre, abundante e deixa o seu legado,
pois devolve ao mundo o que recebe. Ela multiplica, pois traz esta semente em
sua própria natureza. O mundo está precisando de colo de mãe. Que tal começar
por ser mais gentil consigo mesma? Vamos honrar e cuidar de nossas mulheres.
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