"Na filosofia hindu encontramos três inteligências fundamentais que regem a natureza, os mundos e seus ciclos: a inteligência criadora, chamada Brahma, a inteligência preservadora – Vishnu, e Shiva, a inteligência destruidora, transformadora. Não existem etiquetas que qualificam as inteligências em “boas” ou “más”, “positivas” ou “negativas”. Há a compreensão de que mudanças na forma de ciclos são elementos constituintes da essência da natureza. A transformação não ocorre através da manutenção e preservação. A criação depende de uma morte. São ciclos contínuos e entrelaçados, dinâmicos e interdependentes de um fluxo vital que impulsiona a ação. Na natureza nada permanece, tudo o que há é movimento e transformação, e, para nossa real surpresa, fazemos parte – indivíduos e organizações – da natureza! Nós temos dificuldade para lidar com as transformações. Em nível individual é evidente o apego que criamos em relação a ideais de conforto e segurança como se possível fosse cristalizar um situação de aparente felicidade em que “tudo esteja bem”, que, como sabemos, nunca perduram. Nas organizações vivemos de maneira amplificada e potencializada esta ilusão. É necessário reconhecer os tempos de morrer, os tempos de criar e os tempos de preservar. O impulso natural de vida e ação segue, sempre. Não somos criadores ou controladores deste fluxo, somos partícipes. As centelhas de inovação e genialidade no mundo empresarial se dão quando há uma conexão mais direta de indivíduos ou grupos com este fluxo natural – não são obra e arte de uma pessoa especial a ser endeusada como teimamos em acreditar. Encontrar as oportunidades de participar plenamente deste fluxo é o princípio maior do caminho de desenvolvimento nas carreiras individuais e das empresas. Precisamos encontrar as mortes necessárias em nossas organizações para que o fluxo vital continue a fluir. Sem estas mortes outros ciclos de criação não se iniciarão. Se represarmos este fluxo em nossas organizações haverá de ser encontrado um outro meio, que provavelmente se dará através de outras organizações, outras redes e indivíduos. É assim que, naturalmente, nascem, crescem e se transformam – ou morrem – empresas. Mercados, preços de ações, fusões, aquisições, valor, marca, intangíveis… são todos pequenos elementos de sombras na caverna de Platão. Nossa falha em compreender a dinâmica natural deste fluxo nos impede de captar os sinais e participar, navegar junto, discernindo aquilo que precisa morrer daquilo que pode ser preservado. O atual campo de administração é reflexo de nossa ignorância e arrogância. Há que se ter ousadia, desapego e humildade para encontrar os meios de desenvolver uma forma de administração em que o respeito e o discernimento possibilitem que sejamos plenamente, e naturalmente, partícipes da realidade."
Fonte: http://ayus.net.br/blog/ - Marcos Thiele
Fonte: http://ayus.net.br/blog/ - Marcos Thiele
Nenhum comentário:
Postar um comentário